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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Santos atrai empresa de tecnologia marinha e ambiental



Robôs submarinos e energias renováveis começam a fazer parte do cotidiano de alunos

“Não resta dúvida de que a economia do século 21 será baseada em baixas emissões de carbono. Inicialmente, o consumo mais eficiente de energia trará uma maior produtividade geral, uma vez que recursos antes gastos para pagar as contas com combustíveis ficarão disponíveis para novos investimentos. Enquanto isso, a necessidade de produção de energia de baixas emissões e infra-estrutura para substituir o modelo antigo no mundo desenvolvido e para atingir as necessidades do crescimento rápido em países em desenvolvimento, irão requerer cerca de US$ 33 trilhões de investimento até 2030, de acordo com estimativas da Agência Internacional de Energia. Até 2015, o setor ambiental global pode valer US$ 7 trilhões e sustentar dezenas de milhões de empregos”, afirmou o ex-primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Gordon Brown, há apenas um ano em matéria para a revista Newsweek. 

De lá para cá, e na contramão das ações mundiais focadas na sustentabilidade, dois acidentes com plataformas de petróleo ocorreram no Golfo do México, causando danos ambientais severos e irreparáveis. A partir das descobertas do pré-sal e com toda a infra-estrutura que está sendo montada para a extração de petróleo e gás em nossa região, não é de estranhar que a população da Baixada Santista tema por episódios similares em suas águas. Mas, como vem afirmando a ex-ministra do Meio Ambiente e candidata à presidência, Marina Silva, conhecida por levantar a bandeira da preservação ambiental, “a exploração no pré-sal ainda é um mal necessário”. É incontestável que trará consigo desenvolvimento e riquezas para a região e para todo o país.  Então, como conciliar sustentabilidade e progresso quando extração e queima de combustíveis fósseis e uma melhor qualidade ambiental parecem objetivos tão antagônicos?

Para traçar caminhos paralelos e eficazes há que se apostar no desenvolvimento de novas tecnologias e na formação de cérebros pensantes e de mão-de-obra qualificada. É com essa visão que nasce uma nova empresa em Santos, assim como muitas outras que já estão se estabelecendo ou que virão – prova disso é a criação do novo Pólo Tecnológico na cidade, que atrairá empresas de tecnologia (como as da cadeia de petróleo e gás) para produzir inovações destinadas à produção de bens e serviços ou métodos úteis na geração de riqueza, desenvolvimento e inclusão social.

O NUTECMAR – Núcleo de Tecnologia Marinha e Ambiental – acaba de abrir um escritório e centro de treinamento na Ponta da Praia. Seus idealizadores e sócios são o que se pode chamar literalmente de “gente do mar”. O diretor da empresa, Eduardo Meurer, 45 anos, é gestor ambiental e especialista em aplicação das energias renováveis. Mas é também mergulhador profissional, cinegrafista submarino e comandante de embarcações. Já realizou quatro travessias oceânicas em veleiros e comandou a expedição Segredos Submersos do Atlântico, a maior viagem de documentação e reconhecimento científico realizada por uma equipe privada brasileira. A viagem, a bordo de um veleiro clássico tripulado por pesquisadores, fotógrafos, cinegrafistas e mergulhadores, foi de Santos até Tenerife, nas Ilhas Canárias, ao largo da conta noroeste africana, desbravando lugares intocados do fundo marinho, em 1993. A expedição rendeu um documentário apresentado em 15 países da América Latina e um livro contando os bastidores da empreitada.  


Em março deste ano Meurer esteve em Moscou onde se formou como piloto de Micro ROVs no Instituto Shirshov de Oceanologia, na Academia Russa de Ciências. ROV é a sigla em inglês para veículos operados remotamente. Na prática, são submarinos não-tripulados equipados com câmeras de vídeo, sensores e acessórios, pilotados por controle-remoto e usados para a observação à distância do fundo do mar e para a realização de trabalhos subaquáticos. 

“A primeira idéia que me vem à mente, como cidadão e ambientalista, é que todo aquele petróleo encontrado no pré-sal deveria ser deixado onde está, ou seja, não deveria ser retirado e queimado, contribuindo com a problemática do lançamento de carbono na atmosfera. Mas esta possibilidade já está sumariamente descartada, uma vez que governo algum seria ousado ou displicente o suficiente para descartar toda a riqueza e possibilidades de crescimento e de geração de empregos que vêm junto com a exploração do recurso. Se o fato já está consumado – e está mesmo – há que se investir na segurança ambiental de seu manejo e em alternativas que minimizem o consumo do recurso e seus impactos negativos. A robótica submarina é ferramenta fundamental para garantir o bom funcionamento das plataformas de exploração e dos dutos e componentes conectados a elas, possibilitando a realização de trabalhos em grandes profundidades – inacessíveis aos mergulhadores – e inspeções que têm a finalidade de reduzir o risco de vazamentos e conseqüentes impactos negativos ao ambiente marinho e costeiro. Trocando em miúdos, os ROVs não se prestam apenas para a realização de tarefas relativas à extração lucrativa de petróleo e gás, mas também como instrumentos tecnológicos que acabam direta ou indiretamente contribuindo com a preservação ambiental em um segmento que tem a reputação de andar em sentido oposto a ela”, explica Meurer. 

Com a experiência adquirida e com equipamento próprio, incluindo robô e simulador de missões, o NUTECMAR iniciará em 24 de setembro o primeiro curso de introdução ao ROV na cidade. O curso é pré-requisito para outros, como Piloto de Micro ROV e Piloto Avançado de Micro ROV, que serão ministrados na empresa ainda durante este ano.  

“Quando se fala em ROV, a primeira e única possibilidade que vem à cabeça das pessoas é sua aplicação nas atividades de exploração de óleo e gás e a inserção profissional neste mercado promissor. Mas o mercado relativo aos robôs subaquáticos vai muito além. O ramo de exploração de hidrocarbonetos utiliza ROVs de intervenção grandes e pesados que, podem custar milhões de dólares. Os profissionais contratados para sua operação precisam ter capacitação não só na pilotagem e manutenção dos equipamentos, como ser formados em cursos técnicos ou superiores em áreas como eletricidade, eletrônica, mecânica ou mecatrônica, além de bom domínio da língua inglesa, o que restringe muito as chances de quem almeja uma vaga na área. Nossa idéia é abrir as portas da robótica subaquática também para outras atividades, como a inspeção de cascos de navios, de cais e de pontes, de barragens, condutos e turbinas de usinas hidrelétricas, de segurança portuária, em missões de resgate subaquático, em inspeções de sistemas de tratamento e abastecimento de água, em pesquisas de biologia marinha, oceanografia e arqueologia subaquática etc. Muitas destas atividades podem ser realizadas aqui mesmo na Baixada Santista, inclusive a partir de terra firme. Enfim, as possibilidades de trabalho com o uso de ROVs são muitas. E o treinamento e a prática com equipamentos pequenos, como os Micro ROVs, são o pontapé inicial para quem quer enveredar por esse universo de pura tecnologia. Ora, muito antes de estar apto a dirigir uma carreta – o que requer treinamento específico, vale lembrar –, o motorista precisa desenvolver primeiro a habilidade em um carro de passeio. Porque com os ROVs deveria ser diferente?”, conclui Meurer.       

Energias limpas e educação

O diretor do NUTECMAR Marcelo Gentil, analista de sistemas e engenheiro de bordo de mega-iates, já navegou por lugares de causar inveja, como Caribe, Mediterrâneo, Polinésia e Nova Zelândia. Em outubro volta da Croácia, onde deixa uma embarcação para retomar os trabalhos com Eduardo e o outro sócio da empresa, o biólogo marinho Eric Comin. Gentil, capitão formado pela Royal Yachting Association (Real Associação de Iatismo da Grã-Bretanha), será o diretor responsável por educação náutica e desenvolvimento de novas tecnologias aplicadas a embarcações na empresa. 
“Queremos contribuir com a melhora do ensino náutico no país oferecendo a nossos alunos recursos como simuladores de navegação, que reproduzem fielmente os comandos de um barco, e atividades práticas em nossa própria embarcação, pois os cursos de habilitação de amadores e marinheiros no Brasil infelizmente, salvo raras exceções, se limitam apenas a conhecimentos teóricos. E sabemos que para a segurança no mar a prática é fundamental”, afirma Gentil. 

“Poluição atmosférica gerada por motores de propulsão não se restringe apenas a carros, ônibus e caminhões. Barcos também poluem muito e, por não sofrerem o mesmo controle e rigor dos órgãos ambientais, às vezes até mais que os veículos terrestres – prejudicando não só a qualidade do ar como também da água. Uma de nossas metas é trabalhar no desenvolvimento de motores marítimos híbridos e elétricos e na aplicação da energia solar e eólica em embarcações, minimizando o consumo de combustível e as emissões”, completa o navegador.

O NUTECMAR também está desenvolvendo cursos de introdução e capacitação em energias renováveis, como a solar e a eólica, citadas por Gentil, assim como as energias da biomassa, maremotriz, das ondas e maremotérmica, quase todas com grandes possibilidades de aplicação na região em um futuro próximo.


“Já estamos contribuindo, em parceria com o Instituto Laje Viva, em pesquisas com invertebrados marinhos usando nosso ROV. Também atuamos ativamente na instalação de “tags” eletrônicos (sensores que enviam informações por satélite aos pesquisadores) em raias-manta na Laje de Santos. O objetivo é aprofundar o conhecimento dos hábitos e do comportamento destes enormes e fascinantes animais, ainda pouco estudados”, conta o diretor Eric Comin, que já participou de diversas pesquisas científicas ao longo da costa brasileira. 

“Partimos do princípio de que o ser humano aprende a respeitar e proteger aquilo que conhece melhor. Por isso estamos abrindo cursos introdutórios de biologia marinha, identificação de peixes, oceanografia, mergulho científico, fotografia e vídeo submarinos, entre outros, não só para estudantes universitários, como também para o público em geral”, conclui o biólogo e educador ambiental.
Ao que parece, a entrada de empresas de tecnologia marinha pode trazer para a região – sem trocadilhos – um mar de possibilidades.

Para saber mais: www.nutecmar.com.br

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Essa foto é demais!

Foto do "Daily Collection of Maritime Press Clipping" mostra a tripulação de um veleiro indonésio (Dewaruci) dançando ao som de uma banda ao vivo no convés.


A importância do Submarino Nuclear

No momento em que discutimos as fronteiras brasileiras no mar, seria oportuno uma leitura do discurso do Comandante da Marinha, de abril de 2009, sobre o submarino nuclear. Fica o convite para uma visita na página da Defesa@NET. Abraços a todos, Lucia Moreira

Revista Petro&Química

UM OLHAR DENTRO DO RESERVATÓRIO
As inovações em levantamentos sísmicos não estão a serviço apenas da fase de exploração, diga-se de passagem. A evolução tecnológica começa a produzir soluções para diversos desafios da produção. Com ela é possível acompanhar como o óleo está sendo drenado – ou retido – dentro do reservatório e o avanço da água injetada. Isso porque, em alguns casos, muito petróleo pode ser extraído sem que a modelagem do reservatório inicialmente possa prever. Já existem várias experiências nesse sentido – basicamente, comparando levantamentos feitos em datas diferentes, os engenheiros aprendem a dinâmica da produção. A Petrobras tem um contrato de prestação de serviços com a PGS que prevê o mapeamento 4D nas bacias de Campos, Santos e Espírito Santo – ainda este ano a companhia inicia os levantamentos nos campos de Papa-Terra e Maromba, em Campos. “O grande breakthrough foi no campo de Marlim, onde conseguiram identifi car claramente alguns defeitos. De lá para cá a sísmica 4D vem evoluindo bastante”, destaca o professor Denis Schiozer, do Departamento de Engenharia de Petróleo da Unicamp.

Nas áreas onde há grande concentração de plataformas, a aquisição pode contar com a tecnologia OBC – é o caso do trabalho realizado pela RXT para a Petrobras nos campos de Albacora e Marlim, também na Bacia de Campos. Outro método – o 3D VSP, de Vertical Sismic Profile – permite levantar dados a partir de sensores instalados dentro do poço. As informações coletadas nos geofones permitem visualizar o reservatório. Também nesse caso, o trabalho conta com informações das ondas P e S.

GRUPO VAI ESTUDAR CARBONATOS
A Petrobras assinou um protocolo de cooperação tecnológica com a Unicamp, Unesp e UENF voltado a criação de um Sistema de Capacitação, Ciência e Tecnologia em Carbonatos. O objetivo é gerar tecnologias e know how a respeito da dinâmica das rochas carbonáticas, localizadas na camada pré-sal. A UFRJ e a UFF também irão participar do esforço. “O carbonato, do ponto de vista da geologia, já é um desafi o. Antes de saber como o petróleo vai ser produzido, precisamos entender como é o reservatório”, ressalta o professor Denis Schiozer, ligado ao Departamento de Engenharia de Petróleo da Unicamp. O grupo está agora debruçado sobre o plano de trabalho nas áreas de geologia, engenharia de reservatórios, modelagem e simulação.
O acordo deve incluir também intercâmbios com entidades internacionais. “Em geral o carbonato é uma rocha bem complexa, com fraturas, alta porosidade e alta heterogeneidade. Por conta dessa característica, fi ca difícil até generalizar para o campo inteiro as informações localizadas em um poço”, explica o professor Denis.

CICLO DE ALTA
Quando abriu a exploração de petróleo para as companhias privadas, há dez anos, o Brasil assistiu a maior campanha sísmica de sua história. Agora o otimismo em torno do pré-sal deve bater novo recorde. O potencial é grande para aquisição sísmica e para perfuração. Somente para a área de Tupi – a primeira do pré-sal a entrar em operação – a Petrobras prevê perfurar mais sete poços exploratórios este ano, além dos seis já perfurados e um poço produtor para o projeto piloto. Na área vizinha de Iara, o segundo poço exploratório será perfurado este ano. Nessa área do BM-S-11 a companhia tem até 31 de dezembro deste ano para declarar sua comercialidade à Agência Nacional do Petróleo. Ao todo, a campanha exploratória da Petrobras se aproximará do recorde batido em 2002, quando perfurou 66 poços. Há também a ousada campanha da OGX, que planeja perfurar 27 poços este ano – cinco sondas já estão em operação nas Bacias de Campos e Santos.

Somados, o total de investimento em exploração no país alcançará a cifra de R$ 9 bilhões este ano. Se nenhuma outra área for licitada pela ANP, mesmo assim há atividade exploratória programada pelos próximos cinco anos. Isso sem contar com o próprio Plano Plurianual de Geologia e Geofísica da Agência – um investimento de R$ 1,016 bilhão diluídos nos cinco anos de vigência. Para este ano, o Plano prevê o início da campanha de perfuração de poços estatigráfi cos em áreas terrestres, além de levantamentos 2D e piston core, sobretudo em novas fronteiras terrestres, como Parnaíba e Paraná, e marítimas, como Jacuípe, Pernambuco-Paraíba e Ceará.

VEM AÍ AS SONDAS DE SÉTIMA GERAÇÃO
A megalicitação que a Petrobras está conduzindo para adquirir 28 plataformas de perfuração deve inaugurar a sétima geração de sondas – pelo menos essa é a expectativa dos técnicos da companhia, que esperam ver capturadas as tecnologias que vão colocar as plataformas em um patamar mais avançado. Os três editais permitem que as empresas contratem a Huisman, que desenvolve um novo conceito para sistemas de perfuração – embora ainda inédito, o design agradou a Petrobras por possibilitar trabalhos em lâminas d’água superiores a três mil metros, além de um novo layout da sonda, calados maiores e mais espaço no convés. Entre as inovações constam a nova forma de estaleirar e movimentar as colunas de perfuração – a geometria da torre, tubular e central, possui braços articulados que possibilitam girar 360º ao seu redor, eliminando a necessidade de uma subestrutura e otimizando o espaço da sonda. 

Demanda por projetos verdes movimenta mercado petroquímico

A utilização e geração de combustíveis e matérias-primas provenientes de fontes renováveis estão cada vez mais em voga no segmento industrial. Na área petroquímica, principalmente, diversas pesquisas e investimentos vêm sendo realizados para produzir derivados a partir de materiais considerados “verdes”, como é o caso da Braskem, que em breve inaugurará a primeira unidade de produção de eteno a partir do etanol em todo mundo. A Chemtech, que desenvolveu o projeto de automação para esta nova planta, conta com um portfólio verde focado na redução de custos e otimização de processos.
Matéria completa no site da Chemtech.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Nota oficial sobre a Resolução da CIRM de 3 de setembro

A Resolução 3/2010/CIRM

De acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), quando um Estado costeiro tiver a intenção de estabelecer o limite exterior da sua Plataforma Continental (PC) além das 200 milhas marítimas, apresentará à Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC), organismo ligado à ONU criado com essa finalidade, dados sobre o seu relevo submarino que permita concluir sobre o limite de sua PC sob o enfoque jurídico, o qual será estabelecido de acordo com regras estabelecidas na própria Convenção.  

O Brasil submeteu à CLPC proposta para o estabelecimento do limite exterior da sua PC em 2004, tendo recebido, em 2007, daquela Comissão, algumas Recomendações, focadas em determinados trechos da margem continental proposta. É importante ressaltar que a área marítima abrangida pelas reservas do pré-sal não foram alvo das Recomendações da Comissão de Limites.

Em 2008, o Brasil resolveu elaborar outra proposta para envio à CLPC e, para isso, levantou novos dados no mar, com equipamentos mais modernos, para melhor fundamentá-la. Atualmente, os dados colhidos encontram-se em análise, de modo que, até 2012, possam ser enviados. 

A Resolução nº 3/2010 da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), publicada no Diário Oficial da União (DOU) nº 170, de 03/09/2010, estabelece que o Brasil tem o direito de avaliar previamente os pedidos de autorização para a realização de pesquisa na sua PC além das 200 milhas, ainda que o limite exterior da PC não tenha sido definitivamente estabelecido. A Resolução está respaldada nos artigos 76, 77 e 246 da CNUDM, na Lei no 8.617 e no Decreto no 96.000.

Em outras palavras, a citada Resolução visa, tão somente, esclarecer o assunto, com vistas a unificar entendimento quanto à aplicabilidade do estabelecido na CNUDM em relação ao direito do Estado naquele espaço marítimo, uma vez que o processo de delimitação da PC brasileira além das 200 milhas não foi concluído. Sendo assim, enquanto este processo se encontra em andamento, os limites exteriores da PC publicados no sítio eletrônico da ONU, com base na proposta brasileira enviada em 2004, permanecem válidos, ainda que provisórios.

A fundamentação e o texto dessa Resolução foram amplamente analisados e aprovados pela Subcomissão para o LEPLAC, antes de serem aprovados pelo colegiado da CIRM.  

Resolução da CIRM - documento para conhecimento público

domingo, 19 de setembro de 2010

Embarcação feita de garrafas plásticas completa sua viagem de 13.000 quilômetros



O Plastiki, uma embarcação de 18 metros cuja sustentação na água vem de 12.000 garrafas plásticas de dois litros, chegou ao Porto de Sydney em julho, completando sua viagem de 130 dias e 13.000 quilômetros, tendo partido de San Francisco.

O barco, que zarpou justamente para promover a conscientização sobre a quantidade de lixo plástico boiando no oceano, foi capitaneado pelo ambientalista e aventureiro britânico David de Rothschild. 



As garrafas reaproveitadas são responsáveis por 80% da flutuabilidade do Plastiki, mas são apenas um os componentes do seu design sustentável. A carcaça do barco é construída com plástico reciclável, o mastro é de aluminínio regenerado e a vela foi feita à mão com tecido reciclado. O projeto ainda incorpora painéis solares, turbinas de vento, geradores-bicicleta, um jardim hidropônico e sistema de gerenciamento de dejetos com "tecnologia de evaporação para redução de peso".

Um transatlântico para as grandes festas

Investidores encabeçados por uma empresa americana fecharam contrato com um estaleiro sul-coreano para construir um transatlântico de US$ 1,1 bilhão concebido como um condomínio de luxo que circulará pelo mundo visitando eventos como o Festival de Cannes, a festa de ano novo em Sydney e o carnaval do Rio de Janeiro.

A encomenda, anunciada semana passada pela Utopia Residences Co., sediada em Bervely Hills, na Califórnia, marca a primeira vez em que um navio de cruzeiro será construído pela Samsung Heavy Industries Co., o segundo maior estaleiro do mundo em valor total de pedidos depois da Hyundai Heavy Industries Inc.


Será o terceiro navio de passageiros construído pela Samsung Heavy, e também um sinal de que os estaleiros sul-coreanos — que há dez anos dominam o negócio no segmento de navios cargueiros, tonelereiros e plataformas petrolíferas — estão evoluindo para a construção de navios mais complexos que sempre foram fabricados pelos estaleiros europeus.


O navio de 105.000 toneladas, a ser chamado Utopia, terá 200 apartamentos e um hotel com 204 quartos, cassino, spa, teatro, boate, piscinas e restaurantes. A Samsung Heavy começará a construí-lo em 2012 a entrega está inicialmente marcada para 2013.


O navio tem mais ou menos a metade das 225.282 toneladas do maior transatlântico do mundo, o Oasis of the Seas, da Royal Caribbean Cruises Ltd., que fez sua primeira viagem no fim de semana. Embora esse navio seja destinado a cruzeiros a partir da Flórida, o Utopia seguirá um "tour eterno", principalmente para portos na Ásia, Europa e América do Sul.


"O navio vai comparecer aos maiores eventos culturais e esportivos do mundo", disse David Robb, presidente da Utopia, ao Wall Street Journal por telefone. Ele citou eventos anuais como o grande prêmio de Monte Carlo e as olimpíadas como prováveis destinos.

Aquecimento pode obrigar cidades a repor areia das praias

As cidades litorâneas do Brasil precisam se preparar para comprar areia. Muita areia. Segundo o pesquisador Dieter Muehe, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a elevação do nível dos mares pelo aquecimento global pode obrigar os municípios a reporem as praias “engolidas” pelo oceano.

De acordo com Muehe, esse tipo de intervenção – comum em locais em que o mar causa muita erosão – pode se tornar cada vez mais necessária nas praias urbanas, pois nelas a areia não pode recuar em direção ao continente com a subida do nível do mar, já que na maior parte dos casos há muros ou ruas na beira da água.


O pesquisador, autor do estudo “Erosão e Progradação do Litoral Brasileiro”, publicado pelo Ministério do Meio Ambiente em 2007, é considerado um dos maiores especialistas brasileiros no estudo do litoral.


Boa qualidade – Devolver a areia às praias, contudo, não será tarefa simples. “É necessário avaliar de onde tirar areia, já que a que vai ser colocada tem que ser parecida com a original”, avisa Muehe. A matéria-prima usada na construção, por exemplo, seria muito grossa, além de cara.

Uma possível fonte de areia de boa qualidade é a que fica próxima às praias, no fundo do mar, explica o pesquisador. “Uma área em que a areia pode ser retirada é a plataforma continental, mas não pode ser em profundidades maiores do que 10 metros, pois ficaria muito próximo à costa, e também não pode ficar muito longe, pois aí a areia começa a juntar com lama, com carbonato.”


Outro problema, explica o especialista, é que a obra teria que ser refeita de tempos em tempos, já que as ondas tenderão a levar a areia de volta para o mar.


Ventos –
Muehe conta que não é apenas o aumento do nível do mar que pode interferir no desaparecimento de algumas praias. Com o aquecimento global, pode haver mudança de direção dos ventos, quebrando o equilíbrio natural de transporte de sedimentos no mar.

Outro fator que pode diminuir a areia nas praias é a construção de barragens nos rios, já que elas impedem as grandes enchentes, responsáveis por levar terra para o mar.


Em situações específicas, de acordo com Muehe, a elevação dos oceanos pode causar o aumento da faixa de areia. É o que pode acontecer se as ondas atingirem falésias – penhascos à beira mar, mais comuns no Nordeste Brasileiro. Nesse caso, a erosão poderá desgastar as rochas e aumentar a disponibilidade de areia. Isso só ocorreria, contudo, em locais onde não houvesse barreiras artificiais em volta da praia.

A poluição do transporte marítimo na mira das autoridades internacionais

A contaminação do ar por agentes depredativos e suas consequências nas mudanças climáticas do planeta é uma questão que há anos vem sendo energeticamente discutida em todos os âmbitos, por diferentes órgãos reguladores internacionais. 

A Organização Marítima Internacional (IMO), responsável pela proteção do meio ambiente marinho, também se movimentou e incluiu o Anexo VI à Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios (MARPOL), adotada em 1973. O Anexo entrou em vigor internacionalmente em maio de 2005, e o Brasil o ratificou em fevereiro deste ano. Ele estabelece um limite global de 4,5% m/m de teor de enxofre do óleo combustível, e contém disposições que permitem a criação de Áreas Especiais de Controle das Emissões de SOx (SECAs), fixando regras mais rigorosas sobre as emissões de enxofre. Nessas áreas, o teor de enxofre do óleo combustível utilizados a bordo dos navios não deve exceder 1,5% m/m. Além disso, são também limitadas as emissões de NOx, que podem ser controladas por meio de sistemas de limpeza dos gases de descarga.

Em complemento a essas medidas, a IMO vem desenvolvendo medidas técnicas, operacionais e econômicas para auxiliar na redução de emissões no transporte marítimo. Está prevista a criação do Sistema de Índices de Projeto de Eficiência Energética (EEDI), para novos navios, no qual deverão ser priorizadas medidas de melhoramento de desempenho e planejamento de viagens e de projetos relativos à engenharia de construção de navios. 

Também se estuda a implantação de um Fundo de Compensação Internacional para financiar projetos ambientais em países em desenvolvimento, o qual será financiado por meio de uma taxa cobrada dos combustíveis marítimos. A discussão sobre as responsabilidades dos Estados Partes, desenvolvidos e em desenvolvimento, em relação às emissões de gases poluentes, é outro ponto que está levantando bastante interesse, e discordância, na comunidade internacional.

Trabalho marítimo terá mais um comitê fiscalizador

A Convenção do Trabalho Marítimo (MLC 2006), no seu artigo XIII, prevê que o Conselho de Administração da OIT examinará continuamente a aplicação da Convenção, por intermédio de um Comitê Tripartite Especial, que será estabelecido quando o documento entrar em vigor, possivelmente em 2011. Esse Comitê terá competências específicas na área de normas do trabalho marítimo e será constituído de dois representantes designados pelo Governo de cada Estado Parte e representantes de armadores e  trabalhadores, designados pelo Conselho de Administração da OIT, após consulta à Comissão Paritária Marítima. 
O Conselho de Administração decidiu criar um Comitê Tripartite Preparatório, que iniciará o trabalho do Comitê Tripartite Especial e vigorará até a implantação deste. O Comitê Preparatório compreenderá representantes de qualquer governo interessado e dez representantes designados pela International Shipping Federation (ISF) e International Transport Workers’ Federation (ITF). Entre suas incumbências estão: o acompanhamento da implementação da Convenção,  a identificação das questões comuns relativas à interpretação de regras e a preparação do trabalho para o futuro Comitê. 
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GCA vê reserva de até 20 bilhões de barris no pré-sal

Agencia Estado
A certificadora Gaffney, Cline & Associates (GCA), contratada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para avaliar o preço do barril de petróleo utilizado na oferta de capitalização da Petrobras, estima que o pré-sal brasileiro tenha reservas de até 20 bilhões de barris de petróleo. O número considera apenas as áreas analisadas, entre elas Franco e Libra, mas não inclui áreas de grande reserva prevista, como Tupi. Apenas esse poço tem reservas estimadas de 5 a 8 bilhões de barris de óleo equivalente, conforme divulgado anteriormente.
A capacidade analisada pela GCA, conforme relatório preparado pela certificadora, é equivalente à soma de diversas grandes descobertas feitas nos últimos anos, como o campo de Kashagan, no Casaquistão, a área no Golfo do México que permitiu a instalação da Thunder Horse, a maior plataforma de petróleo do mundo, além de áreas na Bacia de Campos como Marlim e Roncador. Juntas, essas áreas possuem reservas de 15 a 20 bilhões de barris.
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A metade esquecida

Saiu na globo.com o artigo de um leitor de título "Faltam propostas para metade do país", lembrando que estamos a menos de um mês das eleições presidenciais e o mar brasileiro, que corresponde a metade do território, com seus bens econômicos, e a exploração da chamada Zona Econômica Exclusiva, não apareceu em nenhum discurso.  O  mar ultrapassa o evento do pré-sal, é um território rico e complexo e já está na hora de figurar na agenda nacional de temas e interesses.

Indústria naval quase dobra nível de emprego


Autor: Investimentos e Notícias

O número de empregos diretos na indústria naval  brasileira quase dobrou em 2010.
De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), em 2009 o setor empregava pouco mais de 40 mil trabalhadores, mas o levantamento atual dá conta de que são mais de 78 mil postos de trabalho. 
Atualmente, o Brasil tem o maior programa de investimentos offshore do mundo. E é exatamente o crescimento do setor de petróleo que está impulsionado a geração de empregos na construção naval.

Segundo dados do Sinaval, a carteira de pedidos nos estaleiros nacionais até 2014 vai passar de 300 embarcações, e está fortemente concentrada no atendimento da Petrobras e de outras empresas do segmento offshore. A Transpetro, por exemplo, por meio do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), encomendou 49 navios, com entrega prevista até 2015.

  "O transporte rodoviário chega a ser quatro vezes mais caro que o marítimo. Não é à toa que 80% do comércio mundial é feito por navio. Nosso programa de investimento vai gerar 40 mil empregos diretos", disse Agenor Junqueira, Diretor de Transporte Marítimo da Transpetro.

Há ainda o programa de renovação da frota hidroviária da Petrobras, destinado ao projeto de escoamento de etanol pela Hidrovia Tietê-Paraná. Conhecido como Promef Hidrovias, a iniciativa prevê a construção de 80 barcaças e 20 empurradores. A previsão é de que esses barcos estejam em operação entre 2011 e 2014. "Com este programa vamos transportar 4 bilhões de litros de etanol por ano", revelou Junqueira.

O engenheiro da Petrobras Marcio Ferreira Alencar lembrou que ainda existe a demanda da série de 8 FPSO para o pré-sal da bacia de Campos. "Esta encomenda tem por base a visão de presente, mas isso deve crescer muito", avaliou. A série de FPSO vai exigir a aquisição de barcos de apoio, o que aumentará ainda mais a demanda dos estaleiros.


Os jovens que se interessarem pela carreira mercante, podem acessar o site do CIAGA.

7th Annual Latin America Ship & Offshore Finance Forum

Com o aquecimento do mercado de infraestrutura em 2010, a indústria naval e offshore voltaram a ser tema de debate no Rio de Janeiro. O evento ocorreu no Copacabana Palace, nos dias 16 e 17. A programação completa pode ser visualizada no site.

As poderosas águas dos rios

Variações no regime de chuvas na bacia do Prata podem tumultuar a circulação marinha no Sul e Sudeste.


Março de 2004: o furacão Catarina aproxima-se do sul do Brasil
Não é difícil imaginar que as chuvas que caem sobre a cidade de São Paulo escoem pelo rio Tietê, ganhem o rio Paraná e depois o rio da Prata até entrar em volumes monumentais no Atlântico Sul. 

Essa grandiosa massa aquática pode provocar mudanças intensas na circulação e nas características físicas e químicas das águas da plataforma continental, a ponto de interferir na produtividade pesqueira e no clima das regiões próximas ao litoral. 

Por ter baixa salinidade e ser mais leve que as águas marinhas, a água do Prata permanece nas camadas superficiais formando uma pluma de baixa salinidade – uma faixa de água doce em meio ao mar, com largura de 50 a 150 quilômetros (km) e extensão de até 1.500 km, que se estende da foz do Prata até as imediações de Cabo Frio, no sudeste brasileiro.

Oceanógrafos brasileiros, uruguaios, argentinos, chilenos e norte-americanos reunidos em um consórcio internacional de pesquisa conhecido como SACC (The South Atlantic Climate Change Consortium) trabalham há mais de dez anos para entender essa relação entre ar, terra e água na região do Atlântico Sul sob influência da pluma de baixa salinidade formada pelo deságüe do rio da Prata. 

A conclusão a que chegaram é que a bacia do Prata funciona, ainda que em uma proporção cinco vezes menor, como o rio Amazonas, que despeja no Atlântico um volume de água equivalente à baía de Guanabara a cada segundo. No oceano, sob ação dos ventos e do movimento de rotação da Terra, essa massa de água flui para o norte ao longo da plataforma continental por longas distâncias até se misturar completamente com as águas oceânicas. A interação entre as águas do continente e as do mar tem conseqüências ainda pouco conhecidas no processo de mudanças climáticas, mas os estudos já realizados, com base em modelos matemáticos, sugerem fortemente a possibilidade de alterações no regime de chuvas, chovendo mais em alguns lugares e menos em outros, em todo o Brasil – da Amazônia aos pampas.

Leia o artigo completo.
Este artigo é de 2008, mas o seu conteúdo é bárbaro e merece ser resgatado. 

EROSÃO COSTEIRA

Taí um tema que chama atenção e não é para menos. Com 80% da população brasileira vivendo na costa, o anúncio de que mais de um terço vem sofrendo degradação, mais acentuadamente no Nordeste brasileiro, requer medidas que vão muito além da colocação de pedras e areias nas praias.

No litoral alagoano, a erosão costeira motivou o encontro entre o Instituto do Meio Ambiente (IMA) e técnicos da Prefeitura Municipal de Maceió, durante esta semana. A ideia é, a partir de ações conjuntas, realizar estudos sobre a hidrodinâmica costeira para contenção do processo erosivo e a recuperação da praia. Para estacionar o avanço do mar na faixa de areia serão utilizados estudos já elaborados pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). 

Para se ter uma ideia geral da gravidade, veja a ilustração abaixo. 




Qualquer lixo no mar é sempre demais



De acordo com a ONU, a cada quilômetro quadrado, 120 mil peças de plástico flutuando e ainda tem gente que acha que jogar apenas um objeto pequeno no mar não vai trazer maiores consequências. 

Na Europa, a Surfrider Foundation Europe quer mostrar o contrário. Nas peças acima, um pneu, uma lata e uma embalagem de detergente mostra que o lixo jogado no mar é como se fosse uma ponta de iceberg. Mesmo quando na superfície parece pouca coisa, no fundo do mar pode significar um desastre ambiental. 

A campanha, criada pela agência Y&R de Paris, divulga a operação limpeza da Surfrider nas praias européias e convoca a população a assinar uma petição para mudar os critérios de classificação de poluição pela União Européia. 

Aqui no Brasil, o Luis Peazê lançou um audio book que pode ser lido no endereço http://issuu.com/peaze/docs/lixo_marinho_e-book e temos o pessoal do Global Garbage, cuja missão é conseguir identificar os navios que jogam o lixo global em alto-mar analisando as embalagens trazidas até as praias pelas correntes marítimas.