Seja bem-vindo (a) ao Blog do Mar Brasileiro, parte do Projeto Mar Brasileiro em Rede (http://www.marbr.net.br/), cuja missão é: fomentar o conhecimento, a pesquisa e a exploração sustentável das riquezas da plataforma continental brasileira; apoiar e divulgar a Marinha do Brasil.

______________________________________________________________________

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

OCEANOS E SOCIEDADE - USP

 
Instituto Oceanográfico (IO) promove evento comemorativo dos 50 anos da Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI - UNESCO) 

Essa iniciativa tem como motivador a necessidade de uma reflexão a respeito da relação entre os oceanos e a sociedade, bem como do papel da pesquisa oceanográfica na elaboração de políticas públicas e no entendimento dos processos que afetam a sustentabilidade desse ambiente e o bem estar daqueles que dele dependem.

Para tanto, representantes de vários segmentos da sociedade, como governo, iniciativa privada, ONGs e instituições de pesquisa e fomento, apresentarão suas ações dentro desse contexto e mapearão as lacunas e ou dificuldades de atuação.

O evento celebrará, também, o 120º aniversário de nascimento do Prof. Besnard, 60º aniversário da 1ª expedição oceanográfica brasileira e o 60º aniversário do Brazilian Journal of Oceanography, além do lançamento do livro “Prof. Wladimir Besnard”.

As inscrições (gratuitas) estarão limitadas a 300 participantes no endereço http://www.oceanosesociedade.io.usp.br/inscricao.php


 ___________________________________________________________________
Programação
___________________________________________________________________
HorárioAtividade  
8:30Abertura
9:00Palestra FAPESP
  • Prof. Dr. Carlos Henrique de Brito Cruz (Diretor Científico)
10:00Mesa redonda: Pesquisa oceanográfica e políticas públicas no Brasil: lacunas e potencialidades
Moderador: Prof. Dr. Frederico Brandini (IOUSP); Relator: Prof. Dr. Alexander Turra. Contextualização do tema dentro do marco teórico do Manejo Costeiro Integrado
  • Representantes do poder executivo federal
    • Ministério do Meio Ambiente - Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro (MMA/GERCO)
    • Ministério de Ciência e Tecnologia
    • Centro de Estudos Estratégicos (CGEE)
  • Representantes do terceiro setor
    • ONG (Greenpeace)
  • Representante do poder legislativo
13:00Almoço
14:30Conferência: A Comissão Oceanográfica Intergovernamental e suas linhas de atuação
  • Representante da COI/UNESCO
15:30Mesa redonda: Pesquisa oceanográfica e políticas públicas no Brasil: políticas de fomento
Moderador: Profa. Dra. Ilana Wainer (IOUSP); Relator: Prof. Dr. Alexander Turra. Contextualização do tema enfatizando que o fomento para políticas públicas tem um caráter diferenciado do fomento à pesquisa tradicional.
  • FAPESP
  • CNPq
  • Petrobras
  • FINEP
  • Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM)
18:00Lançamento do livro “Prof. Wladimir Besnard”.
18:30Coquetel
 ______________________________________________________________________
DATA: 18 de novembro 
Localização
Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo
Praça do Oceanográfico, 191
Cidade Universitária
São Paulo, SP

Portugal tem até 2014 para definir estratégias de defesa do ambiente marinho

Até Julho de 2014, Portugal deverá ter definidas as estratégias para garantir a boa qualidade das águas marinhas, de acordo com um decreto-lei que entrou hoje em vigor e que transpõe uma directiva europeia.

De acordo com o documento publicado ontem em Diário da República, o grande objectivo é garantir o “bom estado” do ambiente marinho – incluindo o leito do mar, estuários e as áreas costeiras - até 2020, conforme o previsto na Directiva-Quadro “Estratégia Marinha”, através de um plano de acção e de um calendário.

As tarefas com as quais o Governo se compromete passam pela prevenção e redução da poluição marinha, recuperação de áreas degradadas, valorização sustentável dos recursos marinhos e protecção do meio marinho nacional.

Até 15 de Julho de 2014, Portugal deverá avaliar o estado ambiental das águas marinhas, quantificar o impacto das actividades humanas nessas águas, definir as características de um “bom estado ambiental”, fixar metas e desenvolver programas para avaliar as águas periodicamente.

As medidas para concretizar estas tarefas deverão estar definidas até 2015. O trabalho no terreno deve começar até 2016.

"O meio marinho é um património precioso que deve ser protegido, preservado, valorizado e recuperado, com o objectivo de manter a sua biodiversidade e de possibilitar a existência de oceanos e mares diversos, limpos, sãos e produtivos, continuando a sustentar a utilização pelo ser humano e o desenvolvimento de importantes actividades económicas", pode ler-se no decreto-lei.

A aplicação deste decreto-lei vai ser coordenada pelo Instituto da Água, em colaboração com outras entidades, como o Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade, Agência Portuguesa do Ambiente, Direcção-Geral de Pescas e Aquicultura e Direcção-Geral da Autoridade Marítima.

Portugal tem uma das maiores zonas económicas exclusivas da Europa, que cobre uma área 18 vezes superior à sua área territorial terrestre. Este facto deve -se, em grande parte, às regiões autónomas insulares dos Açores e da Madeira.

ECOSFERA

RS - Óleo vaza de navio e atinge canal do porto

Um derramamento de óleo do navio Baltic Champion, de bandeira maltesa, no canal de acesso ao Porto do Rio Grande, mobilizou hoje autoridades da área portuária, órgãos ambientais e a Petrobras. O vazamento ocorreu por volta das 4h desta madrugada, durante o abastecimento do navio, que estava atracado no píer do terminal da Transpetro, descarregando petróleo para a Refinaria Riograndense. Conforme a Capitania dos Portos, "tudo indica que o tanque da embarcação transbordou". Na água caíram em torno de 300 litros de bunker (óleo combustível marítimo) - MS 380 -, mas outra grande parte ficou concentrada no convés da embarcação.

Segundo o superintendente do Porto de Rio Grande, Jayme Ramis, vazaram em torno de 3.300 litros de óleo, sendo que 3.000 litros ficaram retidos dentro do navio e foram recolhidos e armazenados em contêineres apropriados. Os outros 300 litros que escorreram para a água foram vistos pela manhã e atingiram a região próxima do cais da Transpetro, sendo que parte também chegou à margem do estuário da Lagoa dos Patos, na chamada Vila das Barraquinhas. Neste último local, o óleo preto e grosso ficou concentrado na água, pedras e redes de pesca. Também atingiu embarcações de pescadores lá residentes. Um cheiro forte exalava do produto.

Os pescadores que tiveram barcos e redes atingidos se mostraram preocupados. Disseram que as redes ficarão inutilizadas. "Esse óleo 'cola' e não sai", disseram, e a pintura dos barcos ficará estragada. Além disso, receiam não poder pescar no local nos próximos dias, como costumam fazer. Ramis disse que até a tarde de ontem não foi identificado nenhum problema ambiental. A Capitania dos Portos mobilizou helicópteros, pela manhã, para verificar a extensão da mancha de bunker, e lanchas na coleta de amostras do produto que atingiu a água. A intenção é confrontar com as amostras do tanque do navio, visando a confirmar a origem. Ao longo do dia, uma lancha foi mantida no entorno da área afetada para monitorar a situação.

Hoje pela manhã, a mancha de óleo tinha aproximadamente 300 metros quadrados, segundo a Capitania. "Estamos iniciando um processo administrativo para apurar responsabilidades. Pode ter sido uma falha do terminal ou do navio. Temos uma equipe investigando", relatou o capitão dos portos do Rio Grande do Sul, Sérgio Luiz Correia de Vasconcelos. As operações no porto rio-grandino não foram afetadas. De acordo com Jayme Ramis, a Petrobras mobilizou a empresa Alpina Ambiental, contratada pela estatal em nível nacional, para fazer a contenção do óleo que caiu na água. Barreiras de contenção foram colocadas em torno da área atingida, que não abrange a Vila das Barraquinhas, para evitar que o produto se espalhasse. Depois, foi providenciado o início da remoção do óleo da água, com o uso de um caminhão a vácuo, sem previsão para término.

Na Vila das Barraquinhas, à tarde, alguns moradores ajudavam na retirada do produto da água. Também à tarde, a Comissão Municipal de Defesa Civil, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e uma equipe da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) estavam verificando a área atingida. O coordenador da Defesa Civil, Adinelson Troca, disse que estava aguardando informações técnicas da Fepam para poder avaliar melhor o caso. "A empresa contratada pela Petrobras está fazendo a limpeza", informou.

Petrobras
No final da tarde de hoje, em nota à imprensa encaminhada por sua assessoria no Rio de janeiro, a Petrobras confirmou que o vazamento ocorreu em operação de abastecimento de combustível do navio Baltic Champion, "cuja condução técnica é atribuição do armador do navio, sob os cuidados de seu comandante e respectiva tripulação, não cabendo à Petrobras nenhuma responsabilidade sobre o fato". Na nota, a Petrobras também observa que o representante do navio no Brasil é a empresa Cranston Marine and P&I Consultants Ltda.
"Embora não tenha responsabilidade sobre o incidente, a Petrobras está apoiando o trabalho de contenção e recolhimento do óleo no local, através de seus recursos locais e experiência técnica de combate a contingências", destacou.

Por Carmem Ziebell
carmen@jornalagora.com.br

“Temos um ‘back office’ monstruoso na Marinha” (Portuguesa)

O almirante Melo Gomes, de 64 anos, deixa o cargo de Chefe do Estado Maior da Armada no dia 28 de Novembro, por limite legal, e diz que Portugal tem que rever a estratégia, reduzindo o ‘back office’ ou aumentando o número de navios. 

Nesta entrevista ao Diário Económico reconhece que os submarinos são caros - "uma soma importante" - e que há pessoal a mais na rectaguarda da Marinha.

A polémica em torno das contrapartidas não afectou demasiado a imagem da Marinha e do país? Cerca de mil milhões de euros a pagar (o primeiro submarino levou inclusive ao agravamento do défice para 9,5%) são fáceis de explicar às pessoas numa situação de crise tão profunda?
Em relação à questão dos submarinos, considero-a um caso encerrado, porque após seis legislaturas, sete governos, 11 ministros das Defesa, três presidentes da República, inúmeros conselhos superiores de defesa nacional que ratificaram essa decisão e tomaram a capacidade submarina como uma necessidade para o nosso país, eu não tenho mais nada a dizer sobre esse aspecto.

Não afectou, portanto, a imagem do Estado e da Marinha?
Acho que não é isso que conta, mas sim as opções estratégicas que enformam decisões muito importantes para o nosso mar.

Mas a conjuntura mudou com o agravamento da crise. Isso não altera os pressupostos?
Concordo inteiramente, mas a questão é que a estratégia não muda com as conjunturas: é permanente. E portanto, essas opções foram tomadas, maduramente pensadas, e para mim neste momento a única questão que tenho é a de comprovar que os submarinos correspondem ao que está no contrato: efectuar testes no sentido de que garantam a capacidade e performance que nós queremos.

E isso está assegurado?
Pelo menos será esse todo o meu esforço e de toda a Marinha.

Estes navios são os mais adequados para as necessidades e para o controlo do mar após eventual extensão da plataforma continental?
Temos que conhecer o que se passa no nosso mar. O que se passa na superfície e o que se passa na profundidade. E só com submarinos é que isso é possível. Temos que defender os nossos interesses. Além disso, os submarinos têm uma capacidade de dissuasão inigualável de todos os sistemas de armas que existem no nosso sistema de forças, e são absolutamente essenciais para projectarmos força onde quer que seja. Mas já agora gostava de lhe dizer, porque ficou no ar essa questão das contrapartidas, que nós Marinha não tivemos absolutamente nada a ver com o contrato de contrapartidas. A não ser nas contrapartidas directas, ou seja, aquelas que dizem respeito a equipamentos que vêm em paralelo com os submarinos, e de que a Marinha será beneficiária: com essas tivemos a ver e essas foram cumpridas.
Acho que temos que colocar as coisas com a dimensão própria: eu, de facto, considero que os mil milhões de euros são uma soma muito importante e que os submarinos são, de facto, uma despesa muito significativa, mas, como sabe, há outras despesas do Estado que têm muito maior relevância do que estas. Se quiser comparar com o que vale o mar, no estudo do professor Ernâni Lopes [através da Saer], recentemente efectuado, e que será de 20 mil milhões de euros anuais: os submarinos não são mais do que 5% disso.

A ameaça de a Autoeuropa, empresa alemã como a Ferrostaal que vendeu os submarinos, poder sair de Portugal fazendo perder millares de empregos condicionou a decisão final de compra dos submarinos, como referiram alguns especialistas? O Estado português e a Marinha foram empurrados para a conclusão do negócio por questões económicas e não militares?
O senhor jornalista conhece essa realidade muito melhor do que eu e não me atrevo a fazer essa ligação entre a realidade da Autoeuropa e a realidade dos submarinos. Sou um militar, sou o chefe do Estado Maior da Armada e não me compete a mim falar de assuntos que desconheço.

A pergunta é na perspectiva da Marinha, no sentido de perceber se a decisão final de compra dos submarinos acabou por ter mais a ver com questões económicas do que militares?
Acho que a primeira resposta que lhe dei responde a essa pregunta: é uma decisão absolutamente política. É nesse patamar que encontrará certamente desposta para a pregunta que me está a fazer. Não é certamente no patamar militar.

Concorda com as recentes críticas do Presidente da República Cavaco Silva que apontam para uma certa ausência de verdadeira estratégia para o mar?
Não me atrevo a comentar as opiniões do senhor Presidente da República. Mas o senhor Presidente da República tem dedicado ao mar uma atenção especial, aliás dentro do que tem acontecido dentro da sociedade civil e na sequência também da intervenção que outros presidentes da República, como Mário Soares, tiveram em relação ao mar. Porque, de facto, o mar confere uma identidade irrecusável a Portugal, e portanto é o que enforma a nossa geografia. O António Sérgio, ou o Jaime Cortesão, diziam que a nossa história passa por uma série de tentativas para explorar as possibilidades atlânticas do nosso território. E eu concordo com o que ele diz. Isso, julgo que é irrecusável. Em relação à estratégia, julgo que as estratégias estão suficientemente definidas: o mar tem passado, a comunicação social também tem ajudado a que isso se faça, tem estado na opinião pública e tem estado no debate. Portanto, julgo que já houve suficiente debate das questões do mar. Há suficiente estratégia: há uma estratégia nacional e europeia para o mar. Mas agora falta uma questão essencial, para mim, que é a de operacionalizar essa estratégia. Temos que concretizar os elementos dessa estratégia, e isso é que na minha opinião tem faltado. E isso é dizer e sublinhar aquilo que diz o senhor Presidente da República tem dito. Tenho ideias sobre o assunto...

Qual é a prioridade na exploração do mar?
Há uma comissão interministerial, que está bem, que precisa de ter depois um segmento executivo que, na minha opinião, ainda não está suficientemente concretizado. Por outro lado, ao nível da sociedade civil, estes debates, os seminários, são todos muito importantes e trazem-nos acréscimos de conhecimento. Mas é preciso concretizar as ideias. E para concretizar as ideias é preciso acompanharmos o que tem acontecido no mundo marítimo nos últimos anos. Perdemos a janela de oportunidade, talvez, dos cruzeiros. É um negócio que está aí, e vemos Lisboa ganhar o ‘World Leading Cruise Port' em 2010, que é muito importante porque é um porto de excelência para navios de cruzeiro. É um segmento em que poderiamos ter apostado talvez mais. Mas não podemos ignorar que há estudos que dizem que o comércio de contentores nos últimos anos crescerá 30%. Há uma declaração de um dos maiores transportadores do mundo de contentores, a Meiers, que diz que 2010 será o maior ano desde 2004. E estou a citar-lhes estes números, mas posso ir a outros exemplos. Em Singapura, como sabe um grande porto, a Neptun Orient Line que é o sexto maior transportador do mundo de contentores, em 2010 cresceu 35%. Há uma janela de oportunidade para um grande armador marítimo nacional. Temos que criar condições para que isso se possa, de facto, concretizar. Não podemos estar permanentemente a delinear estratégias sem as concretizar: temos que ter um grande armador ou armador médio em termos mundiais. E isso foi uma coisa que nós já fizemos: no século XV tivemos um grande comerciante aqui em Lisboa, que se chamava Fernão Gomes, a quem o Rei criou condições para que descobrisse a costa ocidental de África. Todos os anos tinha que descobrir cem léguas de costa occidental de África, tendo como contrapartida o exclusivo do comércio com os entrepostos que lá íamos criando. E devemos fazer isso. Talvez a realidade seja outra, mas é uma realidade irrecusável, a de criar essa estrutura. E temos que perceber que o centro demográfico, financeiro e económico do mundo se deslocou da zona euro atlântica para o Oriente: essa é uma realidade irrecusável e quem viaja pelo mundo sabe isso. Portanto, quando se invoca a excentricidade de Portugal em relação aos centros económicos, nós hoje somos tão excêntricos como em relação à China, Siungapura ou aos tigres asiáticos como é a Alemanha. Por isso, essa desculpa para mim já não chega. Nós temos, de facto, que ter empresários com visão. A sociedade civil tem que se libertar e criar condições para que o mar seja realmente o activo que julgo que é, e uma prioridade económica. Há estudos feitos como o do professor Ernâni Lopes, da Saer, agora há que concretizar.

Na economia do mar há mais alguns negócios promissores, do seu ponto de vista?
Acho que há e este estudo do mar que foi feito, tem a grande vantagem de ter uma aproximação holística ao problema, porque os diversos sectores não são estanques. Quando falo em tranportes, tenho que pensar na regulamentação dos transportes, no pessoal para guardencer os navios, tenho que pensar nos navios, na construção naval que é um imperativo. Temos que manter em Portugal uma capacidade de construção naval, militar designadamente, para termos alguna autonomia nesse aspecto. E acho que temos condições para isso. Hoje dizem-me, e os estudos confirmam, que apenas um 1,5% da frota mundial está em ‘lay-off' [parada por avarias e outras necessidades]. Portanto, há oportunidades de negócio grandes, de construção naval, inclusive. Mas já esteve perto de 30%: ista para nós percebermos o incremento do negócio do mar. É uma janela de oportunidade que temos de aproveitar. Mas voltando à construção naval: os estaleiros de hoje na Europa têm que ter duas componentes essencias: de gestão e engenharia. Porque não se pode competir com os países que têm a mão-de-obra muito barata. E portanto, o que temos que fazer é apostar na qualificação técnica e em coisas especiais que os outros não conseguem fazer. E temos que perceber que o mundo mudou. Esta é a questão esencial para nós portugueses e europeus. E esta questão vai ter implicações no futuro que já estão evidentes no presente, na minha maneira de ver.

Se o mar vale os 20 mil milhões de euros que referem os estudos recentes, valerá uma percentagem muito significativa do PIB? É esse o principal argumento?
O mar vale qualquer coisa como 10% a 12% do PIB. O que significa que tem de ser uma prioridade nacional e temos que apostar tudo nisto, porque esta é a nossa tecnologia. O mar é aquilo que nos diferencia do resto da Europa: sempre o foi na História, e por tanto temos que ter o mar como prioridade. Mas há uma questão absolutamente esencial, é que o mar não paga imediatamente: precisa de um planeamento a longo prazo e de um investimento.

Diz isso porque considera os portugueses impacientes?
Os portugueses são impacientes, porque querem retornos imediatos e no mar não há retornos imediatos. Mas há janelas de oportunidade.

Durante quanto tempo será preciso investir no mar, e em que valores, para obter retorno?
Na parte que conheço, na indústria naval, os investimentos são a dez anos, no mínimo. Nos portos, depende dos volumes investidos: mas tem que haver uma visão estratégica para os portos que não são só mar. São o mar, o interface mar-terra, e depois o transporte por dentro para o ‘interland'. E portanto tudo isso tem que ser visto de forma agregada, de uma forma em conjunto, de maneira a juntar as possibilidades que temos. Portugal, se juntarmos os portos portugueses e os puserem em comparação com os portos da Península Ibérica, dos nossos amigos espanhóis, verificamos que eles têm 90% do ‘share' dos contentores, e nós apenas 10%. Mas nós temos crescido ao ritmo de 10% ao ano, enquanto eles estão a crescer ao ritmo de 7%, isto até 2008.
A aposta no mar que se tem concretizado, de certa maneira em elementos que não são perceptíveis para a opinião pública nos últimos anos, vai começar a dar frutos. Até 2007 éramos a costa negra da Europa. Não tinhamos um sistema de controlo de tráfego marítimo ao logo da nossa costa, não tinhamos um sistema de comunicações adecuado de busca e salvamento. Tudo isso afasta. Agora há radares e comunicações, que foi um investimento importante feito pelo MInistério dos Transportes, com a nossa ajuda e a nossa opinião, mas que vai dar frutos. Não só isso, como o sistema de socorro e segurança marítima. Portanto, esses investimentos fazem com que a navegação se sinta segura nas nossas águas e esse é um papel importante que cabe à Marinha, que no meu entender tem desenvolvido exemplarmente: o de dar condições de segurança no sentido ‘security' e no sentido ‘safety', relativo à segurança das pessoas, para que as actividades económicas se possam desenvolver. Esse é um grande projecto e um grande desiderato, portanto as condições estão aí. Agora é preciso que a sociedade civil se liberte, que os empresários apareçam e aproveitem estas novas oportunidades.

Alguma vez Portugal explorou o mar melhor do que faz actualmente?
Certamente que explorou e quando o fez em condições fomos grandes na História, no século XV. Muito recentemente, e talvez não seja politicamente correcto o que vou dizer, mas vou tentar fazê-lo de maneira mais hábil: o nosso ‘back office', em relação à actividade produtiva do mar, cresceu desmesuradamente. Temos uma rectaguarda monstruosa para meia dúzia, ou uma linha da frente de navios pequena, que são a parte produtiva dos portos, etc. Portanto, esse ‘back office', não só cresceu mas interferiu mutuamente, e isso também é uma característica das democracias: dos debates, das ideias, etc. Mas nem sempre houve uma sintonia na visão estratégica que esse ‘back office' tem e deve ter em relação ao mar. E essa é uma questão absolutamente crucial, porque temos que construir.

É preciso um ‘back office' mais pequeno?
Temos que ter um ‘back office' muito menor, em relação à parte produtiva da Marinha que são os navios.

Houve uma substituição de emprego? Retirou-se pessoas da linha da frente para o ‘back office'?
Passou-se isso nos últimos 30 anos aquí em Portugal, na minha perspectiva. E das duas uma: ou diminuímos o ‘back office' e o adequamos à situação que temos na parte produtiva ou então mexemos à frente, fazendo crescer a parte produtiva de maneira que o ‘back office' se pague a si próprio. Não podemos ter duplicações e nesta situação sobretudo, de constrangimentos orçamentais, e com as actuais dificuldades financeiras. Não faz sentido de outra maneira. Não me parece.

II Congresso dos Mares da Lusofonia em Portugal

Vai realizar-se a 21 e 22 de Outubro o II Congresso dos Mares da Lusofonia em Portugal, no Centro Cultural de Cascais. A participação no Congresso é gratuita e aberta ao público.
O tema principal do congresso é a "a extensão da Plataforma Continental e suas implicações de natureza política, jurídica, de segurança, ambiental, científica, tecnológica e económica", informam os organizadores.

Haverá uma conferência de abertura, cinco painéis temáticos e uma conferência final com a participação de Rui Ramos. Intervêm como moderadores, os Professores Carvalho Rodrigues, Marques Guedes, Almeida Ribeiro, Vidal de Abreu e Poças Esteves.

O evento é organizado pela Fundação D. Manuel II e tem o apoio da Câmara Municipal de Cascais, Agência Cascais Atlântico e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) com o patrocínio de Sua Alteza Real, Dom Duarte de Bragança.

SITE ECOSFERA

Seminário discute a Amazônia Azul

RIO - O espaço marítimo brasileiro é de aproximadamente 3,5 milhões de quilômetros quadrados, e o Brasil defende junto à Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC) da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM) a extensão dos limites de sua plataforma continental além das 200 milhas náuticas (370km). Isso corresponde a uma área de 963 mil quilômetros quadrados. Se o pleito do governo brasileiro for aceito, o espaço marítimo do país será de 4,5 milhões de quilômetros quadrados; uma área maior que a Amazônia Verde. Os aspectos políticos, estratégicos e científicos da Amazônia Azul e o emprego do poder naval nessa área são alguns dos temas em debate hoje e amanhã, das 9h às 16h, na Escola Naval no Rio. O evento conta com a presença dos ministros da Defesa, Nelson Jobim, da Pesca e Aquicultura, Altemir Gregolin, do Estado Maior Marinha, e de representantes de Petrobras. O seminário é uma parceria entre a Secretaria de Assuntos Estratégicos e a Marinha do Brasil. 

FONTE: O GLOBO

Superporto no Espírito Santo será decidido por Casagrande

Será do governador eleito, Renato Casagrande, a palavra final a respeito da localização do porto de águas profundas que será construído no Estado. Na próxima semana, quando ele retornar do descanso pós eleição, deverá reunir-se com os representantes da comunidade portuária para bater o martelo.

A definição do local para a construção do superporto, destinado à movimentação de contêineres, foi uma solicitação do ministro da Secretaria de Portos, Pedro Brito, na última semana, quando esteve em Vitória para participar da Expoportos. Brito reuniu-se com o governador Paulo Hartung e pediu rapidez na definição do local para a implantação do porto de águas profundas.

Petrobras produz primeiro gás do pré-sal no ES

A Petrobras colocou o primeiro gás natural do pré-sal à disposição do mercado consumidor. A extração foi pela FPSO Capixaba, instalada no campo de Baleia Franca, no Litoral Sul do Espírito Santo. Por meio do gasoduto Sul Capixaba, o combustível foi para a Unidade de Tratamento de Gás de Anchieta (UTG Sul), onde foi processado e colocado na malha do Gasoduto da Integração Sudeste-Nordeste (Gasene), que cumpre a função estratégica de integrar as malhas de transporte de gás natural existentes no país. A comercialização do primeiro gás do pré-sal foi realizada na última terça-feira.

O gerente-geral da Unidade de Exploração e Produção da Petrobras no Espírito Santo, Luiz Robério Silva Ramos, classificou o dia como histórico. "É o primeiro gás do pré-sal que vai para o mercado consumidor. É uma data que vai ficar marcada na história". Robério destacou ainda o pioneirismo capixaba. "O primeiro poço para o testes do pré-sal foi feito aqui, o primeiro óleo comercial foi retirado aqui e, agora, temos o primeiro aproveitamento econômico do gás do pré-sal".

A UTG Sul tem capacidade para processar 2,5 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Por enquanto, só estão sendo produzidos 900 mil metros cúbicos/dia, sendo 500 mil do pré-sal. Até o início de 2011, a expectativa da Petrobras é estar enviando, diariamente, 2 milhões de metros cúbicos para a unidade, sendo 1 milhão do pré-sal. "Temos alguns poços para serem perfurados até o fim do ano. A FPSO Capixaba ainda não está em sua plena capacidade, sem contar o fato de a P-57, que vai operar na mesma região, ainda não ter chegado".

Vale destacar que a Unidade de Tratamento de Anchieta ainda não foi oficialmente inaugurada. Segundo Robério, a cerimônia deve acontecer até o final de outubro.

Gasoduto de R$ 1,1 bilhão

Com uma produção de gás que só faz crescer, a Petrobras corre atrás para dar conta de processar toda essa produção. Com uma capacidade de 2,5 milhões de metros cúbicos/dia, a UTG Sul já nasce defasada, por isso, será construído o gasoduto Sul-Norte Capixaba, um investimento de US$ 700 milhões (R$ 1,15 bi), que ligará, pelo mar, os campos do Litoral Sul na Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas, em Linhares.

"Quando a UTG Sul foi planejada, ainda nem havia pré-sal, que possui um gás com mais propriedades. A Unidade de Cacimbas está melhor preparada para receber esse gás. Além disso, até o fim do ano, a Unidade de Linhares terá uma capacidade de processar 16 milhões de metros cúbicos/dia. Até 2014, quando a P-58 e a
FPSO Cidade de Anchieta estarão operando, esperamos mandar 4 milhões de metros cúbicos de gás por dia por esse gasoduto de 200 quilômetros. Haverá espaço suficiente para o gás do Sul", disse Robério.

Em novembro, haverá uma definição com relação à licitação do gasoduto Sul-Norte. As obras devem ter início em maio de 2011. O início da operação está previsto para maio de 2012.

Petrobras vai investir R$ 1,4 bi em novo porto
A Petrobras investirá R$ 1,465 bilhão no novo porto de suporte às operações do pré e pós-sal que será construído em Ubu. O início da operação deve acontecer já em 2013, quando o primeiro berço de atracação será entregue. O terminal será construído em módulos. Esse porto de suprimento é considerado essencial pela Petrobras, já que as operações no Estado cresceram bastante nos últimos anos e o horizonte é de mais crescimento. O projeto conceitual do porto, que será construído como se fosse uma ilha, já está pronto, só faltam definir alguns detalhes. A proposta prevê a construção de uma ponte, na Praia do Além, com mais de 500 metros de comprimento, até uma ilha onde serão feitas as operações de carga e descarga de material e equipamento para as plataformas. A ilha terá 40 mil metros quadrados. De acordo com o cronograma da Petrobras, as obras do porto poderiam começar em 2012 e terminariam, possivelmente, em 2015. Hoje, boa parte do atendimento às plataformas é feito pela base de Macaé (RJ) e Companhia Portuária de Vila Velha.

O primeiro poço do pré-sal foi aqui, o primeiro óleo comercial foi aqui, e agora, o primeiro aproveitamento do gás do pré-sal" Luiz Robério Silva Ramos, gerente da Petrobras

Fonte: A Gazeta (Vitória)/ES/Abdo Filho

Eventos públicos do Instituto de Estudos Avançados da USP

 
Os eventos são gratuitos, não exigem inscrição e acontecem, em sua maioria, no Auditório Alberto Carvalho da Silva (65 lugares, a serem ocupados por ordem de chegada do público), na sede do IEA (v. localização), com transmissão ao vivo pela web em www.iea.usp.br/aovivo (as exceções estão indicadas na relação abaixo).

• Dia 25, 11h
BASE INDUSTRIAL DE DEFESA E COOPERAÇÃO REGIONAL
Expositor: Peterson Ferreira da Silva (Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas-Unicamp/Unesp/PUC-SP)
Informações: Inês Iwashita (ineshita@usp.br), tel. (11) 3091-1685

• Dias 25 a 27
CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DA REDE WATERLAT — TENSÃO ENTRE JUSTIÇA AMBIENTAL
E JUSTIÇA SOCIAL NA AMÉRICA LATINA: O CASO DA GESTÃO DA ÁGUA

Local: Memorial da América Latina, São Paulo, SP
Informações:
www.waterlat.org, waterlat@ncl.ac.uk
Evento sujeito a inscrição e taxa de participação — Sem transmissão pela web

NOVEMBRO

• Dia 18, 8h30
OCEANOS E SOCIEDADEA ATUAÇÃO DA COMISSÃO OCEANOGRÁFICA INTERGOVERNAMENTAL E A RELAÇÃO ENTRE PESQUISA OCEANOGRÁFICA E POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL
Vários debatedores
Local: Auditório Prof. Dr. Plinio Soares Moreira do Instituto Oceanográfico da USP, Praça do Oceanográfico, 191, Cidade Universitária, São Paulo
Transmissão pela web: www.iptv.usp.br
Informações: www.oceanosesociedade.io.usp.br

Definido o tema da 4ª Conferência Regional sobre Mudanças Globais

"O Plano Brasileiro para um Futuro Sustentável" é o tema da 4ª Conferência Regional sobre Mudanças Globais, que acontecerá de 4 a 7 de abril de 2011, no Memorial da América Latina. A principal meta é contribuir para o aprimoramento do Plano Brasileiro de Mudanças Climáticas.

A iniciativa reunirá integrantes de instituições de pesquisa, do setor privado e de entidades da sociedade civil envolvidos na busca de entendimento e estabelecimento de sinergias e parcerias para a obtenção de soluções científicas, tecnológicas, economicamente sustentáveis e socialmente corretas para os grandes desafios interpostos pelas mudanças globais.

Os organizadores da conferência são o IEA, a Academia Brasileira de Ciências, o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, a Rede Clima e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas

OBJETIVOS
Os objetivos centrais da conferência são:
  • discutir o progresso e as incertezas no estudo das causas, magnitude e consequências das mudanças globais;
  • analisar as questões referentes à vulnerabilidade, adaptação e mitigação dos problemas ambientais, sociais, culturais e econômicos advindos das mudanças globais e às bases dos acordos internacionais;
  • congregar estudantes, cientistas, empresários e profissionais de áreas relacionadas com as pesquisas sobre as mudanças globais em um evento de caráter multi e interdisciplinar, promovendo o intercâmbio de conhecimentos e informações de várias naturezas e o estabelecimento de sinergias, em especial entre as empresas e a academia;
  • reunir conhecimento científico e sugestões para futuras ações dos tomadores de decisão do governo, das empresas e da sociedade civil em questões associadas às mudanças globais;
  • fomentar a formulação de políticas públicas que possam rapidamente ser adotadas pelos governos das esferas federal, estadual e municipal, na busca da melhor convivência com os problemas advindos das mudanças globais e, se possível, que aproveitem as oportunidades que essas mesmas mudanças possam apresentar.
Os participantes avaliarão cada setor de acordo com: o impacto dos avanços e descobertas mais recentes das ciências (exatas, biológicas e sociais) no campo das mudanças ambientais globais; a importância das metodologias para inventários das emissões antrópicas e remoções de gases de efeito estufa (GEE); os impactos das mudanças ambientais, vulnerabilidades e eventuais adaptações factíveis no momento atual e no futuro próximo; as ações e tecnologias de redução das emissões e captura de GEE, incluindo os processos de mitigação apropriados para o setor, como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), a Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD), a recomposição da paisagem e outros.
Serão discutidas as possíveis mudanças de paradigmas, modelos de desenvolvimento e padrões de consumo necessários para a solução do desafio imposto pelas mudanças globais, especialmente as mudanças climáticas.  Também serão abordados o papel de cada segmento da sociedade e a questão da pobreza nesse processo.
As oportunidades de negócios e pesquisas decorrentes das mudanças globais também serão objeto de análise, em particular, a emergência e evolução de políticas de transição para a economia de baixo carbono no Brasil e em outros países da América do Sul. Além disso, cada setor será analisado na perspectiva das negociações internacionais sobre o clima, de modo a oferecer o quadro das discussões, consensos e dificuldades para o estabelecimento de acordos.
RESULTADOS PREVISTOS

As exposições e debates do evento resultarão em quatro realizações:
  • declaração "Brasil Sustentável — Carta da 4CRMG" (documento com as recomendações da conferência contendo principalmente orientações para a formulação de políticas públicas na direção do desenvolvimento sustentável);
  • Relatório Técnico-Científico;
  • livro eletrônico contendo contribuições selecionadas baseadas nas palestras e painéis;
  • CD com os pôsteres apresentados no evento.
Os interessados em participar da exposição de pôsteres deverão submeter resumos sobre o conteúdo de seu trabalho até 10 de dezembro. Os pôsteres aprovados ficarão expostos durante toda a conferência, com premiação para os melhores de cada setor.