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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Especialistas de cinco países discutem a conservação de ambientes costeiros no país e perspectivas de produção de fármacos a partir de compostos naturais bioativos

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo sedia nos dias 9 e 10 de setembro o Workshop sobre biodiversidade marinha: avanços recentes em bioprospecção, biogeografia e filogeografia. O objetivo é estimular a formação de grupos de pesquisa com participação de cientistas brasileiros e estrangeiros para o desenvolvimento de pesquisas sobre bioprospecção, distribuição geográfica de organismos marinhos na costa brasileira e busca de compostos para produção de fármacos.

O Workshop sobre Biodiversidade Marinha também propõe o incentivo a pesquisas para produção de dados que possam subsidiar leis sobre a utilização e proteção de diferentes biomas – como as que já foram criadas em São Paulo, no início de 2009, com dados produzidos pelo Biota-FAPESP para biomas terrestres. As apresentações irão tratar de temas relevantes para pesquisa voltada à conservação e uso sustentável da biodiversidade marinha brasileira.

“O Programa Biota-FAPESP quer estimular a pesquisa e ampliar a discussão na comunidade científica sobre o uso sustentável de recursos da biodiversidade marinha em projetos desenvolvidos por pesquisadores de São Paulo e em colaboração com grupos de pesquisa de outros estados e países”, diz Roberto Berlinck, professor do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos. “Dessa forma será possível formar mais pesquisadores e, ao mesmo tempo, ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade marinha”, completa o pesquisador, que é um dos organizadores do Workshop.

Preservação e novos fármacos
Participantes do Brasil, Estados Unidos, Nova Zelândia, Canadá e Bélgica discutirão a obtenção de produtos naturais bioativos para produção de drogas com diferentes aplicações biotecnológicas, o planejamento da intervenção humana no ambiente marinho diante da importância econômica de atividades como a pesca de baixo impacto ambiental e a própria caracterização da biodiversidade marinha brasileira.

William Fenical, do Centro de Biotecnologia Marinha e Biomedicina da Universidade da Califórnia, em San Diego (EUA), estuda há quase 20 anos compostos orgânicos com efeitos sobre o câncer e outras doenças originados em microrganismos marinhos. Em trabalho recente, o pesquisador descobriu em sedimentos do Oceano Atlântico, em região próxima às Bahamas, a bactéria Salinospora tropica, que produz um agente anticancerígeno muito potente para tratamento do mieloma múltiplo. O próximo passo é o teste em humanos. Ele também descobriu um novo fármaco anti-inflamatório derivado de um coral mole, a pseudopterosina, já utilizada em cremes faciais produzidos pela indús tria cosmética.

Outros compostos com potencial para o desenvolvimento de drogas anticâncer presentes em animais invertebrados dos oceanos são investigados por Raymond Andersen, da Universidade British Columbia, em Vancouver (Canadá).

Letícia Veras Costa-Lotufo, do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Universidade do Ceará, irá relatar no primeiro dia do Workshop seus estudos para busca de compostos para tratamento do câncer em invertebrados e microrganismos coletados na costa do Nordeste brasileiro. Paulo Mourão, do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, apresentará resultados de pesquisas sobre agentes anticoagulantes e antitrombóticos encontrados em ouriços do mar. (veja programação abaixo)

BIOTA+10
A expansão de pesquisas multidisciplinares sobre a biodiversidade marinha é parte da estratégia definida em 2009 para os próximos 10 anos do Programa Biota-FAPESP. Desde 1999, o Programa apoia projetos para caracterização, conservação e uso sustentável da biodiversidade. Alguns temas propostos pelo Biota para projetos de pesquisa sobre a biodiversidade marinha são: a realização de inventários dos organismos de regiões litorâneas; identificação de fatores ambientais que afetam sua distribuição e abundância; estudos sobre interações desses organismos e sobre os impactos ambientais da exploração de petróleo e gás; e produção de dados sobre a biodiversidade que poderão ser incorporados aos modelos de muda nças climáticas.

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