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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O SUBMARINO-AERÓDROMO


SAe I-400

Submarino da Classe Sen Toku I-400 da Marinha Imperial Japonesa.


Os submarinos da Classe Sen Toku I-400 da Marinha Imperial Japonesa foram os maiores submarinos da Segunda Guerra Mundial e os maiores submarinos não-nucleares jamais construídos pelo homem, embora todos pensassem à época que o maior submarino fosse o francês Surcouf, de 110 m. Os I-400 tinham 120 m de comprimento.


Eles continuaram sendo os maiores do mundo até o desenvolvimento dos submarinos balísticos nucleares americanos e o lançamento do USS Lafayette em 1962.


Os I-400 eram submarinos que carregavam hidroaviões a bordo e dispunham de uma pista pequena de decolagem com catapulta.
Os Sen Toku eram verdadeiros e esplêndidos Navios-Aeródromos Submersíveis, também conhecidos como Submarinos Porta-Aviões ou mais exatamente como Submarinos-Aeródromos (SAe), os únicos já construídos em toda a história naval.


SAe I-400

Arte japonesa da época mostrando um Seiran sendo preparado para
ser catapultado da pequena pista de decolagem de um Sen Toku.


Cada SAe desses era capaz de carregar em absoluta discrição pelo mundo inteiro sob a água dos oceanos 3 hidroaviões Aichi M6A1 Seiran para atuarem em seus destinos, como caças-bombardeiros.


Os Seiran podiam percorrer longas distâncias para bombardear alvos em absoluta surpresa, deixando os inimigos estarrecidos, e jogar torpedos aéreos contra cobiçados alvos navais a distâncias de
até 12.000 m.


Era um alcance fabuloso para torpedos da época, visto que o melhor dos americanos não tinha sequer metade desse alcance. A ameaçadora existência dos Sen Toku e seus Seiran era desconhecida da inteligência
aliada.


Seiran

Caça-bombardeiro Aichi M6A1 Seiran (Tormenta Vinda
de um Céu Claro)
da Marinha Imperial Japonesa.


Os SAes também carregavam torpedos para combate de curto alcance e foram projetados para emergir, lançar as aeronaves e mergulhar outra vez, rapidamente, antes que fossem descobertos.



(Clique na foto abaixo para ampliação)

Sen Toku I-400 com a catapulta de vante e pequena pista de decolagem.



A US Navy jamais iria reconhecer que um dia os japoneses tenham estado em um estágio tão mais avançado que ela em diversos aspectos, desde o desenvolvimento de submarinos até as armas subaquáticas empregadas por eles.


Submarinos Japoneses
Produção em série de mini-submarinos japoneses na GM-II.


Como exemplo, a Marinha Imperial Japonesa usava à época os torpedos mais eficazes do mundo, o Tipo 95. Enquanto os torpedos americanos tinham um alcance de 5.500 m, o Tipo 95 já chegava a 12.000 m viajando a 45 nós.

Durante a GM-II, o Japão chegou a ter 30 classes diferentes de submarinos - desde os tradicionais suicidas Kamikazes de um só tripulante até a grandiosa Classe I-400 de Submarinos-Aeródromos.
Na época, os Kamikazes valiam-se de meios que variavam desde aviões, passando por submarinos e chegando até mesmo aos incríveis mísseis humanos.


Poucos sabem hoje que, dos 56 submarinos com mais de 3.000 ton construídos no mundo na época da GM-II, 52 haviam sido japoneses.


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Hangar de Aeronaves
Porta do hangar e a catapulta do Sen Toku I-400
para o caça-bombardeiro M6A1 Seiran
(tempestade de um céu desobstruído)
.



Enquanto o Japão construía muitos submarinos maiores que os das outras Marinhas, os 3 SAes Sen Toku que foram construídos eram bem maiores que qualquer coisa jamais vista antes. A tradução para Sen Toku é "Submarino Secreto de Ataque".


Eles tinham 2 vezes mais alcance que o  maior submarino americano daquela época, o USS Argonaut, e eram 60 % maiores que ele.


SAe I-401

Rara foto da unidade I-401 na superfície.
Ver um Seiran sendo guindado para bordo.



O I-400 estava décadas à frente de seu tempo. Era o maior submarino do mundo, com um comprimento de 120 m e um peso submerso de 6.560 ton. Ele tinha uma velocidade de cruzeiro de 18,7 nós na superfície e levava 144 tripulantes. Seu limite de mergulho era de 100 m de profundidade.


Acima de seu deque principal, existia um hangar para os 3
bombardeiros-torpedeiros Aichi, o qual media 35 m (115 pés) de comprimento, e tinha o diâmetro de 3,7 m (12 pés). 


As aeronaves eram empurradas para fora do hangar através de uma porta hidráulica maciça para dentro de uma catapulta pneumática de 25,9 m (85 pés).



SAe I-400 - Catapulta


Impressionante visão da catapulta pneumática de
25,9 m a partir da ponte de comando.



Ali os caças-bombardeiros Aichi M6A1 Seiran eram equipados para o vôo, sendo abastecidos, armados, e lançados. No retorno, eles pousavam ao lado do SAe e eram então levantados de volta para bordo com um poderoso guindaste hidráulico.


O I-400 era equipado com um snorkel, radar, detectores de radar e espaçosos tanques de combustível que lhe davam um alcance de 69.500 km (37.500 mn) a 14 nós, que nada mais é que uma volta e meia pelo mundo. Su
a maquinária era composta por 4 motores diesel com 7,700 hp, e motores elétricos com 2.400 hp.
 

O Submarino-Aeródromo japonês era armado com 8 tubos do torpedo, um canhão calibre 50 de 14 cm (5,5") no convés, um canhão anti-aéreo de 25 mm na ponte, e mais 3 torretas triplas do mesmo armamento sobre o seu hangar.


(Clique na arte abaixo para ampliação)

Esquema original dos Submarinos da Classe Sen Toku I-400.


 

A característica mais incomum era que cada um deles carregava 3 caças-bombardeiros (e peças para um quarto), um feito nunca alcançado por qualquer outra classe de submarino na história. 


Esses aviões eram dobrados para caberem no hangar cilíndrico de
35 m de comprimento, que ficava ligeiramente a estibordo e abria para a frente dando acesso à catapulta. O enorme casco duplo era formado de cascos cilíndricos paralelos de modo que tivesse uma peculiar seção transversal.


(Clique na foto abaixo para ampliação)

SAe I-400 - Hangar

Pessoal da US Navy inspecionando abertura
do hangar do I-400 após a guerra.




HIDRO-AVIÃO AICHI M6A1 SEIRAN


O Aichi M6A1 Seiran, que significa "T
ormenta Vinda de um Céu Claro, era um hidroavião denominado de Aeronave Especial de Ataque e era empregado também pelo submarinos Tipo AM. Tratava-se de uma classe menor que foi modificada para carregar somente dois deles.


(Clique na foto abaixo para ampliação)

Caça-bombardeiro Aichi M6A1 Seiran 
da Marinha Imperial Japonesa. (Foto Smithsonian National Air and Space Museum)


O projetista aeronáutico Toshio Ozaki confrontou-se com um desafio ambicioso a partir da incrível requisição da Marinha Imperial Japonesa por um avião que pudesse operar exclusivamente a partir de um submarino.


Era exigido que se desenvolvesse um avião para transportar uma bomba de 250 kg (
400 libras), ou então um torpedo aéreo ou uma bomba de 800 kg (1.288 libras), e voar ao menos a 474 km/h (294 mph) com os flutuadores no lugar, ou 559 km/h (347 mph) sem os flutuadores. Ele precisava levar ainda uma metralhadora retrátil traseira Type 2 de 12.7 mm.

A Marinha estipulou ainda que, para montar e lançar os 3 M6A1 a bordo, não requeresse mais de 30 minutos.



Sendo considerado um caça-bombardeiro de alta performance, o M6A1 tinha um alcance de 1.190 km (642 mn), sendo impulsionado pelo motor de resfriamento líquido Atsuta 32 de 1.400 hp, o qual era baseado no alemão Daimler-Benz DB603. Sua velocidade máxima era de 475 km/h (295 mph).


Os submarinos Sen Toku carregaram 4 torpedos aéreos, 3 bombas de 800 kg, e 12 bombas de 250 kg para armar seus 3 aviões.


Os M6A1 tinham seus muitos pontos do montagem revestidos com pintura fluorescente para facilitar a montagem no escuro. Desse modo, apenas 4 homens treinados poderiam preparar um avião para lançamento em 7 minutos.


Eles podiam mesmo ser totalmente montados e novamente desmontados em questão de minutos, desde as asas até as partes da cauda. Todos os 3 aviões a bordo de um SAe Sen Toku podiam ser preparados, armados e lançados em 45 minutos.


Seiran - Hidro-Avião
O Aichi M6A Seiran era um hidroavião. Seus
flutuadores restam bem evidentes na foto acima.




Para caber dentro do hangar cilíndrico com diâmetro de 3,7 m, Ozaki projetou a asa de modo a rotacionar 90º uma vez que os tripulantes removessem os dois flutuadores. Após girar as asas, uma equipe de 4 homens dobrava-as para trás para permanecerem paralelas e se firmarem de encontro à fuselagem.


Seiran
O Aichi M6A1 Seiran com as asas dobradas.


VÍDEO - SUBMARINE AIRCRAFT
CARRIERS - SEIRAN (00:19 MIN)




Aproximadamente, 2/3 de cada lado do estabilizador horizontal dobrava-se também para baixo, do mesmo modo que o topo do estabilizador vertical. Os tripulantes armazenavam então os flutuadores e seus pilões de sustentação em compartimentos separados.

Tudo era feito de de tal maneira que as dimensões da aeronave ficassem compreendidas pelo diâmetro da hélice. Quando prontas para decolagem, as aeronaves tinham uma envergadura de 12,6 m e um comprimento de 11,6 m.

Quando a frota submarina encontrou-se reduzida com a aproximação do fim da guerra, a Marinha passou a requerer poucos Seirans; assim, esse programa foi encurtado. A Aichi conseguiu construir 28 Seirans (incluindo protótipos) e 2 treinadores M6A1-K Nanzan.

Um total de 28 M6A1 foram construídos entre outubro de 1943 e julho de 1945 por Aichi Kokuki K. K., em Eitoku, incluindo os 2 treinadores M6A1-K Nanzan.


SEIRANS CONSTRUÍDOS

QUANT
TIPO
ÉPOCA
06
Protótipo
Outubro 1943 - Outubro 1944
20
Produção
Outubro 1944 - Julho 1945
02
Treinador
1945


Nanzan

Aeronave de treinamento M6A1-K Nanzan.



Somente o Seiran de número de série 28 foi recuperado entre os restos da fábrica da Aichi, em 1962. Ficou até 1989 sendo depenado por colecionadores de souvenirs e desgastado pelo tempo, quando começaram os trabalhos de restauração.


Contudo, a equipe conseguiu reconstruí-lo com absoluta acuidade. Todos os outros haviam sido afundados pelas tripulações dos SAes antes da rendição japonesa.


Seiran nº 28

O Seiran de número de série 28 antes de ser recuperado
ficou exposto ao tempo nos EUA entre 1962 e 1989.



Esse Seiran somente foi inteiramente restaurado em 2000 e encontra-se disposto ao público no Paul E. GARBER National Air and Space Museum, em Washington, D.C.


(Clique na foto abaixo para ampliação)
Seiran

Caça-bombardeiro Aichi M6A1 Seiran  restaurado
. (Foto Smithsonian National Air and Space Museum)


A SAGA DA CLASSE SEN TOKU I-400


O primeiro I-400 foi terminado em 30 de dezembro de 1944, e o I-401 foi concluído uma semana mais tarde. Porém, o I-402 precisou ser convertido em um submarino tanque, para o difícil transporte de combustível ao Japão. Enquanto isso, os trabalhos com os submarinos I-404 e I-405 estavam sendo terminados.


Para sua primeira missão, o Vice-Almirante Jisaburo Ozawa, vice-chefe do Comando Geral da Marinha, selecionou a Operação PX, um terrível plano secreto para usar 10 aeronaves com o objetivo de desencadear uma guerra bacteriológica em áreas populosas da costa oeste dos EUA e das ilhas do Havaí, no Oceano Pacífico.


Ratos e insetos infectados seriam jogados para espalhar praga bubônica, cólera, febre da dengue, tifo, e outras pragas. O laboratório médico do General Ishii, em Harbin, na China (Manchúria), já tinha desenvolvido os agentes virulentos dessa guerra de germes e tinha confirmado sua extrema letalidade com indefesos prisioneiros chineses e caucasianos infectados.


SAe I-400 - Canhão

Pessoal da US Navy inspecionando o canhão do Sen Toku I-400.


Em 26 de março de 1945, essa missão sinistra foi cancelada pelo General Yoshijiro Umezu, chefe do Comando Geral do Exército, que declarou que "a guerra dos germes contra os EUA escalaria a guerra contra toda a humanidade".


Como uma alternativa, o Comando considerou o bombardeio de São Francisco, Panamá, Washington ou Nova York, e decidiu lançar um ataque aéreo surpresa contra as eclusas do Canal do Panamá. Com as explosões, o artificial
Lago Gatun seria esvaziado, o que obstruiria a passagem de navios por vários meses. Este seria um dos mais ambiciosos alvos estratégicos da época.


A Marinha Imperial organizou então a 1ª Flotilha Submarina e o 631º Corpo Aero Naval. Essa força combinada consistia dos SAes I-400 e I-401, mais dois submarinos da classe AM, o I-13 e o I-14, e levava 10 caças-bombardeiros Seiran.


Os estrategistas da Marinha Imperial escolheram 10 Seirans para golpear as eclusas juntas ao Lago Gatun com 6 torpedos e 4 bombas. Os pilotos estudaram um modelo em grande escala de todo o sistema e memorizaram características importantes do canal, justamente como seus predecessores de Pearl Harbor fizeram antes do famoso ataque aéreo que colocou os EUA na GM-II.



Surpreendentemente, antes que o ataque pudesse ser lançado da base naval japonesa em Maizuru, os japoneses souberam que os aliados preparavam-se para um assalto às suas quatro ilhas principais.


A missão teve que ser mudada na última hora para atacar a frota americana na base naval aliada do Atol de Ulithi, onde a invasão estava sendo montada.

Em 25 de junho de 1945, foram recebidas as ordens para a operação Hikari. Esse plano requeria 6 Seirans e 4 aviões de reconhecimento Nakajima C6N1 MYRT. O I-13 e o I-14 carregariam 2 MYRTs cada um até a ilha de Truk.


Myrt

Nakajima C6N1 MYRT.


Os pilotos dos 4 MYRT decolariam da ilha e vigiariam a frota americana em Ulithi, repassando as informações dos alvos navais aos pilotos dos Seiran.


Na seqüência, os 6 Seirans realizariam os ataques kamikazes sobre os navios-aeródromos e os navios de transportes de tropas mais importantes dos EUA no Pacífico, o que levaria ao fracasso da invasão sendo preparada.


Entretanto, por um capricho da história, antes que isso pudesse ocorrer o Imperador Hirohito anunciou a rendição do Japão, em dramático discurso no Palácio Imperial, em 15 de agosto de 1945.


(Clique na foto abaixo para ampliação)


Os Sen Toku eram verdadeiros Submarinos-Aeródromos (SAe),
os únicos já construídos em toda a história.
Foto de um ao
lado do navio de apoio
USS Proteus após a guerra.



Todas as unidades, incluindo os I-400 e I-401, conseqüentemente, retornaram ao Japão e renderam-se aos aliados.


O I-402 havia sido convertido para carregar precioso combustível ao Japão, vindo das Índias Orientais, mas nunca executou tal missão. Com a  rendição, os americanos levaram-no para a
Baía de Sasebo, ao norte de Nagasaki, onde foi examinado, e finalmente posto a pique.

Isso ocorreu porque, quando o submarino ainda estava ali, os americanos receberam uma mensagem dizendo que os soviéticos tinham enviado uma equipe de cientistas em inspeção para examiná-lo, tudo sob os termos do tratado que encerrara a guerra. A fim de manter essa tecnologia fora das mãos dos soviéticos, é que foi
instituída a operação "Fim de Estrada".

O I-402 foi levado até uma posição designada "Ponto Profundo Seis", 60 km a oeste de Nagasaki e próximo à ilha de Goto-Rettō. Lá, foi recheado com cargas de explosivo C-2 e destruído junto a outros submarinos.

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Após a guerra, os 2 SAes I-400 e I-401 foram levados para Pearl Harbor e posteriormente afundados por torpedos do submarino americano USS Cabezon, dado o mesmo problema russo, clara evidência do início da Guerra Fria, a qual seguiria até 1989, com o fim da URSS. A redescoberta do I-400 só aconteceu em 2009.


VÍDEO - DISCOVERED WWII HIGH TECH SUBMARINES - IMPERIAL JAPANESE NAVY I-201 (SENTAKA) & I-400 (SENTOKU) (04:59 MIN)



A construção de dois barcos adicionais deste projeto, os I-404 e I-405, foi paralisada antes da conclusão, embora o I-404 estivesse 90 % completo. Mais 13 submarinos adicionais foram cancelados antes que a construção sequer começasse.


O SUBMARINO-AERÓDROMO NO FUTURO


É até possível que nunca mais haja um Submarino-Aeródromo como os japoneses desenvolveram na GM-II, embora muitas Marinhas ainda pensem bastante nesse assunto.
O fato é que algumas delas já compreenderam que :

para uma plataforma de lançamento de aeronaves escapar da ameaça dos submarinos modernos
é melhor comportar-se como um deles !




A EXPERIÊNCIA AMERICANA


INÍCIO


Durante a Guerra Fria, provocada por relatórios de que os soviéticos experimentavam um avião lançado por submarino, a US Navy achou melhor solicitar propostas de inventores industriais para tal tecnologia.


A primeira resposta veio do projetista Edward Heinemann, da McDonnell Douglas, que apresentou os esboços de um caça que seria levado a bordo do submarino nuclear
USS Halibut de 1960, que foi o primeiro submarino SSGN.


Ele poderia carregar 4 mísseis guiados
Regulus em um hangar de 24,4 m (80 pés). Ou, em vez disso, levar um único caça leve A-4D Skyhawk modificado. O turbojato recebeu um flutuador e foi designado como Douglas 640.


Douglas 640
Esquema do A-4D Skyhawk designado como Douglas 640.


Ele seria catapultado do submarino na superfície e recuperado por um guindaste telescópico. As asas e a cauda do 640 dobrar-se-iam para o armazenamento no hangar do submarino, que demandava pequenas adaptações.


Halibut - Regulus

Primeiro lançamento de um míssil guiado Regulus do USS
Halibut. Tais mísseis tinham o tamanho dos caças atuais.
(Foto US Navy)



SAE NUCLEAR AN-1
  Por volta de 1963, a US Navy acabou acolhendo o projeto de um Submarino-Aeródromo Nuclear (SAeN) vindo da Boeing. Conhecido por AN-1, ele foi então desenvolvido pelo Bureau of Aeronautics, um escritório da US Navy especializado em projetos aéreos. O AN-1 tinha um nome bastante pomposo : Projeto Tapete Voador (Flying Carpet).


(Clique na arte abaixo para ampliação)
AN-1
Arte com as aeronaves em posição de lançamento em suas catapultas,
ao longo do Submarino-Aeródromo Nuclear J-10. O corte interno
mostra os 2 hangares com as 8 aeronaves ainda estocadas.
(Arte US Navy)



Esse SAeN teria 9.260 ton de deslocamento e um comprimento de 152,4 m (500 pés). Levaria um total de 8 aeronaves Grumman F11F Tiger em 2 espaçosos hangares localizados em um casco à vante, externo ao casco principal do submarino. Entretanto, os planos previam substituir os Tigers em um segundo momento por caças avançados com velocidade de Mach 3.


O lançamento seria feito por catapultas individuais que eram levantadas a 90º. O piloto deveria entrar no aparelho ainda no hangar, quando um sistema automatizado o levaria para a catapulta. O lançamento em si era efetivado com o auxílio de impulsionador de foguete acoplado ao corpo do avião, e que se soltaria a uma determinada altitude.


AN-1
A arte acima mostra os dutos pelos quais as aeronaves passariam
até chegarem às suas catapultas, especialmente os dutos da
proa à popa do Submarino-Aeródromo Nuclear J-10.
(Arte US Navy)



As aeronaves seriam recuperadas no próprio J-10 com o emprego de um sistema de retenção inovador, à frente do que é ainda hoje usado em NAes, ou mesmo na água com o emprego de um guindaste hidráulico.


Chegaram a ser conduzidos testes de viabilidade em um submarino convencional (o USS Grayback
) para se determinar o peso, a estabilidade e o equilíbrio necessários ao J-10. Concluíram que esse SAeN custaria 50 % a mais que um SSBN com mísseis Polaris.


Aliado a isso, pesaram aspectos que vão de entraves burocráticos, total ausência de familiaridade com o conceito inovador, e a conseqüente prioridade para outros tipos de submarinos.


Um projeto AN-2 subseqüente usaria 8 aeronaves
VTOL carregadas em hangares verticais em um deque. A Boeing estimou um tempo de lançamento de 4 aeronaves em aproximadamente 5 minutos e de todas as 8 em 9 minutos; sob as condições de mar as mais adversas o tempo máximo de lançamento completo seria de 18 minutos.


CORMORANT

UCAV Cormorant

Desenho de uma MPUAV Cormorant voltando para seu
submarino após missão de bombardeio no litoral.
(Arte DARPA)


Já nos tempos atuais, os americanos teriam desenvolvido uma variante para algum de seus submarinos SSBN Ohio de 18.750 ton convertidos para SSGN, de modo que ele transportasse temerosos MPUAVs.


Classe Ohio

Submarino SSBN 726 Ohio, que esteve em conversão entre 2002 e 2006
para
SSGN (apelidado para steel shark, giant shadow, ou tubarão de
aço, sombra de gigante). Reincorporado no início de 2006, pode agora
disparar 154 mísseis Tomahawk e levar 66 SEALS e seus equipamentos.
(Foto U.S. Navy
)


Estes seriam lançados através dos tubos lançadores de mísseis de cruzeiro Tomahawk. Mais tarde, seriam recuperados e reutilizados.

Os EUA, através do DARPA, conduzem atualmente o Programa CORMORANT, que vem testando a praticabilidade de um UAV que pudesse ser lançado do mar sem o suporte de um NAe.


Tal programa explora tanto o conceito de lançamento a partir da superfície quanto a partir de submarinos submersos.


Na prática, este real
UCAV poderia ser lançado de um LCS, de um SSGN Ohio a 46 m de profundidade, e de demais meios futuros projetados para tal finalidade.


Comorant
Desenho de uma UCAV Cormorant saindo do mar
após lançamento de um submarino.
(Arte DARPA)


Os desafios técnicos do Cormorant incluem a integridade estrutural da aeronave e a tensão da água em lançamentos a partir de profundidades submarinas e da superfície, a dinâmica do avião na interface ar / mar, a tecnologia do motor para sobreviver a imersões periódicas na água salgada, e o desenvolvimento avançado de materiais compostos para suportar operações mar-superfície.


Segundo eles, o Cormorant teria sido projetado apenas para fornecer apoio aéreo aproximado a meios de superfície e submarinos. Dependendo dos resultados alcançados, a transição operacional do Cormorant à US Navy está programada para após a conclusão da Fase III do projeto, em 2010.


SSNCV


Já este projeto abaixo seria muito mais ambicioso. Trata-se de um verdadeiro Submarino-Aeródromo Nuclear (SSNCV) americano.


Cada um transportaria pelos mares em absoluta discrição entre 20 e 30 caças
STOL, que seriam lançados por 2 catapultas e recolhidos com os tradicionais cabos de freio dos Navios-Aeródromos. Na arte dele, pode-se até ver 2 elevadores; nesse caso as aeronaves seriam ainda mais perigosas que os Cormorant.


(Clique na arte abaixo para ampliação)

Esquema de um Submarino-Aeródromo Nuclear (SSNCV) de
153 m (500 pés) de comprimento com deslocamento de
12.000 ton. Ele levaria entre 20 e 30 caças STOL,
que seriam lançados por 2 catapultas.


A diferença do SSNCV para os demais projetos que têm surgido depois da GM-II é que ele traz um convôo verdadeiro, com tudo igual a um NAe, com a vantagem de surgir do nada, atacar, submergir e desaparecer por meses, se necessário for.




A EXPERIÊNCIA CHINESA


CHUANG ZAO


Até os chineses, para variar, andaram se aventurando pelo mundo dos SAes. Chegaram a projetar um incrível submarino duplo com uma enorme plataforma entre eles contendo um hangar e o deque de vôo. Para fugir do perigo, o J-10 Chuang Zao mergulharia e sumiria em dois tempos.


Até os chineses entenderam que para uma plataforma de lançamento escapar da ameaça dos submarinos modernos é melhor ser um deles.


(Clique na arte abaixo para ampliação)

Chuang Zao


Desenho do J-10 visto pelo lado e por trás. A arte lateral ressalta o hangar
das aeronaves. A arte à esquerda mostra os 2 submarinos ligados em um só.
(Arte chinesa)



(Clique na arte abaixo para ampliação)

Chuang Zao


Já esse desenho mostra o convôo com 2 catapultas e 1 elevador. Sob a água,
dá para vislumbrar boa parte dos 2 corpos do submarino conjunto J-10.
(Arte chinesa)

n

ZHENG HE - A MÃE NUCLEAR


(Clique na arte abaixo para ampliação)
Zheng He
Concepção do gigantesco Submarino-Aeródromo Nuclear (SSNCV) Zheng He.
(Arte chinesa)



A Marinha Chinesa procura ter bastante poder de dissuasão e capacidade de contra-ataque como força estratégica de Águas Azuis. Ela propõe a concepção de um programa de Submarino-Aeródromo Nuclear (SSNCV), chamado Zheng He, de emprego estratégico, que seria uma espécie de "Mãe" gigantesca.


Seria como uma baleia conduzindo seus filhotes pelos oceanos que, na verdade, são mais parecidos com os peixes parasitas que acompanham os tubarões.


(Clique na arte abaixo para ampliação)
Zheng He

Visão do gigantesco Zheng He.
(Arte chinesa)



Esse submarino mãe levaria aeronaves internamente, com capacidade de descolagem e aterrissagem, além de lançadores de diversos tipos de mísseis, como os anti-navios e até os estratégicos.


Serviriam em seus deques internos 40 aeronaves de caça, 5 helicópteros anti-submarino, e 3 AWACS não tripulados. Eles decolariam e pousariam nas pistas dispostas em ambos os lados do deque de voo (ver na figura abaixo).


Esse gigante seria equipado com 32 silos de mísseis nucleares estratégicos localizados em sua popa (ver 4 séries de 8 silos), que lhe forneceria uma grande capacidade de ataque nuclear. Na proa, haveria 4 silos de mísseis anti-navios e anti-aéreos.


(Clique na arte abaixo para ampliação)

Zheng He

Visão superior do gigantesco Zheng He com suas pistas e "filhotes".
(Arte chinesa)



Porém, com sua grande novidade, seriam montados berços em ambos os lados do gigantesco Zheng He para quatro submarinos convencionais ou nucleares. Para abrigar os filhotes e tudo mais, tal submarino poderia ter um peso bruto de deslocamento submerso de algo como 60 mil toneladas.


Esses "filhotes de baleia" ou "parasitas" poderiam conduzir escolta subaquática sem serem detectados e poderiam receber todo o seu fornecimento debaixo d'água, quebrando o paradigma atual de que precisam sempre subir à superfiície.


(Clique na arte abaixo para ampliação)

Zheng He
Visão de popa do gigantesco Zheng He.
(Arte chinesa)



 FONTE: DEFESA BR

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