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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Nossa Amazônia Azul

Edição 1428 do Meio & Mensagem

Há poucos dias, o Brasil, que tem um dos litorais mais extensos do mundo – cerca de oito mil quilômetros – decidiu unilateralmente aumentar seu domínio sobre o Atlântico, acrescentando ao seu mar territorial uma extensão em torno de um milhão de quilômetros quadrados. A lógica desta iniciativa é a de que o potencial das riquezas existentes no fundo do oceano provavelmente compensará os eventuais danos que esta atitude, assumida à revelia da comunidade internacional, trará do ponto de vista diplomático.

Por sua vez, também nesta semana, a China, ávida por fontes de recursos naturais, anunciou que está construindo um submarino capaz de descer a sete mil metros de profundidade – o recorde era de um do Japão que atingia 6,5 mil metros – para pesquisar as entranhas do mar.

Ainda em setembro, esteve no Brasil um dos maiores especialistas – e responsável pela descoberta de novas drogas provenientes de organismos marinhos – que reafirmou quão importante é sabermos lidar com a biodiversidade existente sob as águas. O potencial é imenso: enquanto se encontra na superfície terrestre 17 famílias de filos ou de seres vivos de característica semelhantes, no mar há pelo menos 33 filos. E as indústrias estão começando a explorar este potencial: exemplos são os analgésicos, já à venda, derivados de moluscos e de efeito similar à morfina.
Toda esta movimentação e investimentos demonstram que muitos apostam que o futuro da humanidade está sob as águas. Estou entre eles, desde que se saiba preservar e desfrutar do mar. O Brasil é privilegiado e reconhecido por abrigar extensos e importantes biomas como Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado. Todavia, poucos se dão conta de que dispomos também de uma "Amazônia Azul" que são nossas águas territoriais. Temos um litoral que se estende do norte ao sul, sendo banhado tanto por águas quentes, tropicais quanto por temperadas. E, se considerarmos que, em média, a cada três mil quilômetros – de acordo com a mudança de temperatura – há uma significativa alteração das espécies, pode-se afirmar que existem diferentes oceanos em nosso país com uma biodiversidade inacreditável e, em grande parte, ignorada.

Há muito penso, vivo e crio com o mar em meu horizonte. Inúmeras foram as peças, as campanhas, ações e coleções da Osklen derivadas de um estilo de vida em torno da praia, do mar e da sua preservação. Para mim, tem tanta importância que agora está nas lojas uma coleção – Oceans – toda voltada para este tema, lembrando que encaro a moda como um meio contemporâneo de comunicação à qual recorro para expandir as fronteiras de questões do que considero como relevante.

Neste momento em que tanto se fala, por exemplo, no pré-sal e, por outro lado, nos riscos de uma exploração sem os devidos cuidados para prevenir que tragédias como o vazamento de uma plataforma de petróleo no Golfo do México se tornem rotineiras, julguei que seria pertinente abordar esta temática. E mais, criei com o Instituto E um projeto de Recuperação da Costa Brasileira que passa, necessariamente, pela preservação e/ou replantio da vegetação de restinga em várias praias e pelo desenvolvimento de atividades de educação ambiental.

Através de parceria público-privada, começamos a recompor os canteiros com a vegetação de restinga original da orla de Ipanema (RJ) e temos como meta atuar, em um futuro próximo, em dez praias que são emblemáticas em seus estados. Assim, o projeto piloto contempla as seguintes praias: do Forte (BA), Geribá-Búzios, Prainha e Itacoatiara (RJ) Ilha do Boi e Castelhano (ES), do Tombo (SP), Lagoinha e Mole (SC). A proposta é, com estas ações, sensibilizar e mobilizar tanto a sociedade civil quanto seus governantes, de modo a que desenvolvam outra relação com o ambiente praiano. Para facilitar uma adesão maciça, serão disponibilizados também multimídias, como a adoção online e/ou por celular.

Em Ipanema os resultados do projeto são evidentes, assim como a avaliação positiva por parte da população, que agora já começa a refletir sobre sua própria responsabilidade em preservar a areia e o mar, cujo encontro faz do Rio de Janeiro uma cidade tão especial.

Outra iniciativa relevante é a Educação Ambiental dos Empreendedores da Praia – mais conhecidos como barraqueiros –, que também promove a educação ambiental como uma ferramenta de empoderamento destes trabalhadores com o intuito de capacitá-los como verdadeiros guardiões do seu local de trabalho, valorizando suas atribuições e reconhecendo seu protagonismo num ambiente cuja conservação é vital para todos.

Graças a estes projetos, ou seja, o da Recuperação da Costa Brasileira e o da Educação Ambiental dos Empreendedores da Praia – os quais trazem à tona também o fato de que para preservar o mar há que se parar de jogar esgoto em cursos d'água que desembocam, por vezes através de emissários, no oceano – percebe-se que temos mais de uma Amazônia no Brasil, que ambas são fundamentais para o bem estar de todos e que "o mar começa nas torneiras de nossas casas".

Autor Oskar Metsavaht (dono da grife Osklen)

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