Seja bem-vindo (a) ao Blog do Mar Brasileiro, parte do Projeto Mar Brasileiro em Rede (http://www.marbr.net.br/), cuja missão é: fomentar o conhecimento, a pesquisa e a exploração sustentável das riquezas da plataforma continental brasileira; apoiar e divulgar a Marinha do Brasil.

______________________________________________________________________

sábado, 9 de outubro de 2010

Antes do primeiro óleo

Depois de Petrobras, Shell e Repsol, chegou a vez de a Statoil financiar projetos de tecnologia no Brasil com recursos do Fundo de Participação Especial (FPE) – formado por 1% da receita bruta dos campos de petróleo e gás mais lucrativos. Entretanto, a companhia está fazendo isso com meses de antecedência à entrada em produção do campo de Peregrino, na Bacia de Campos, operado por ela e que deverá começar a jorrar óleo no primeiro trimestre de 2011 e, no pico, produzir 100 mil barris/dia. Os beneficiados são dois projetos cujos focos são proteção ambiental e desenvolvimento de fornecedores.
O investimento antecipado é encarado pela petroleira norueguesa como uma forma de conhecer mais o processo do FPE e a relação com as instituições de pesquisa antes do início da obrigatoriedade. “São projetos que envolvem recursos financeiros relativamente pequenos, mas que vão nos dar a oportunidade de aprender como operar o recurso”, explicou o vice-presidente para a área de P&D da Statoil Brasil, André Leite.

Outro incentivo é a possibilidade de abater o investimento antecipado no repasse obrigatório, até o limite de 25% do valor devido a cada ano. Pelo cálculo da companhia, Peregrino deve atingir o patamar de receita para se enquadrar na obrigação de investimento em P&D entre 2013 e 2014, por uma projeção interna da Statoil da evolução do preço do barril nos próximos anos. Parte do investimento em pesquisa, porém, será feito com recursos próprios, independente do FPE.

Os dois projetos integram uma cesta com outros 15 projetos, identificados, em um levantamento realizado pela Statoil em 2009 e 2010, com as demandas tecnológicas que poderão ser desenvolvidas no Brasil usando recursos do FPE. A maior parte dos projetos está focada em tecnologias para gerenciamento de reservatório, completação de poços e processamento offshore e é basicamente voltada para o desenvolvimento de Peregrino.

Algas monitoradas
Apontadas pelo Ibama como parte potencialmente sensível no ecossistema onde está Peregrino, as algas calcárias estão sendo objeto de um monitoramento denominado Peregrino Environmental Monitoring and Calcarious Algae Project (PEMCA). O objetivo é medir o impacto da devolução do cascalho de perfuração ao mar sobre as algas, que, de acordo com informações do órgão ambiental, são um agente na formação de corais.

O PEMCA é subdividido em dois projetos. Um, de monitoramento das condições da água do mar no entorno das plataformas de Peregrino – são duas fixas e um FPSO – e outro para avaliar e medir a reação das algas à variação dessas condições quando testadas em laboratório.

No primeiro, identificado como PEM, dados como turbidez, salinidade e temperatura da água serão coletados através de uma estrutura de aço em forma de cone (lander), desenvolvida pela USP, em colaboração com o Institute of Marine Research (IMR) e a empresa METAS, ambos da Noruega. No segundo, identificado como CA, as variáveis coletadas pelo lander são introduzidas num programa de computador, que avalia seus efeitos sobre as algas com base nos ensaios de laboratório, cujos resultados são traduzidos em uma curva de sensibilidade do organismo. Os testes serão feitos nos laboratórios do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), da Marinha, em parceria com a empresa Labtox, a Fundação Jardim Botânico, a Fundação IBM e a instituição norueguesa Sintef.

No fim do projeto, previsto para 2012, a Statoil espera propor a metodologia como alternativa ao monitoramento convencional, exigido pelo Ibama no licenciamento de Peregrino, que consiste na coleta e análise periódica de amostras. “Achamos que o novo monitoramento pode ser mais eficiente que o usual, no qual uma quantidade de algas é trazida à superfície, o que pode alterar as condições do organismo”, sugere Leite. Se aprovada, a alternativa ainda deverá trazer um benefício econômico, já que a coleta periódica envolve um custo de operação relativamente mais alto.

O PEMCA ainda tem uma sinergia com um projeto similar em fase de implantação no campo de Morvin, na Noruega, também operado pela Statoil. Assim, os dois projetos vão alimentar um programa global da Statoil de monitoramento visando a proteção desse tipo de alga.

Tela Premium brasileira
Já o Projeto de Qualificação de Telas Premium (PSSQP) prevê a destinação de recursos para financiar a qualificação do protótipo da primeira tela de controle de areia para poços de petróleo e gás do tipo Premium desenvolvida no Brasil. A fabricação do protótipo foi obtida com o desenvolvimento de um forno especial, em uma parceria entre a brasileira Adest e o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), de Campinas.

No mundo, apenas três países – EUA, Japão e Alemanha – dominam a fabricação desse tipo de tela, que requer um sofisticado processo de união de telas com malha mais grossa para formar uma tela de malha fina (Premium), em um processo denominado difusion bonding (união por difusão). Composta de uma série de tramas de metais nobres sobrepostas umas às outras, a tela Premium possui furos muito pequenos (medidos em mícron), o que torna inviável a aplicação de métodos convencionais, como a solda, em sua fabricação, o que pode ocasionar obstruções.

Os recursos da Statoil servirão para financiar a qualificação do protótipo, montado sobre um tubo base perfurado de 5,5”, visando a futura produção em escala industrial. A qualificação envolve a aplicação de testes como torção, tração, corrosão e erosão em laboratórios da Unicamp. O projeto foi iniciado em setembro e se estenderá por 14 meses.

Apesar de não ter aplicação imediata em Peregrino, onde é prevista a utilização de um modelo de tela diferente, a wire wrapped, em combinação com gravel packing, o desenvolvimento da Premium no Brasil está alinhado com a política de conteúdo local da Statoil. “No momento em que estiver sendo fabricada no Brasil, poderemos avaliar a conveniência do uso apenas da tela Premium no lugar da completação com duas barreiras filtrantes”, cogita Leite.

Fonte: BRASIL ENERGIA

Nenhum comentário: