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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A nova invasão holandesa

A missão comercial formada por 25 companhias holandesas que veio ao Brasil em setembro é mais uma demonstração que o governo daquele país está disposto a dar para garantir uma boa fatia do promissor mercado brasileiro de óleo e gás. Segundo o cônsul geral da Holanda no Rio de Janeiro, Paul Comenencia, mais do que exportar, as empresas de seu país querem fechar parcerias e estabelecer processos fabris em território brasileiro, um investimento total de US$ 9 bilhões no período 2007-2012, sem contar negócios futuros.

Em óleo e gás, em qual segmento os holandeses têm mais experiência?
Os pontos fortes são engenharia marítima e engenharia industrial, bem como a inovação. Mas nos destacamos sobretudo em construção naval, ou melhor, na parte sofisticada da construção naval, como circuitos eletrônicos e tecnologia de navegação. Oferecemos ainda tecnologia de exploração e de transporte. Não temos fornecedores de A a Z da cadeia de óleo e gás, mas temos companhias especializadas em segmentos de alta tecnologia.

Há concorrentes já instalados nesses segmentos no Brasil?
Há algumas empresas já instaladas no país, mas a maior parte delas está trazendo tecnologia de seu país de origem, não a fabricando no Brasil. Assim, a política de conteúdo nacional nos estimula a formar parcerias com empresas brasileiras, fabricando aqui os equipamentos. É uma tendência natural. Em 2009 abrimos no Rio de Janeiro um escritório com 25 empresas holandesas, a maior parte delas ainda não estabelecida no Brasil. O objetivo era justamente aproximá-las das companhias brasileiras e integrá-las ao setor brasileiro de óleo e gás. Acredito que em cinco ou dez anos haverá um grande número de empresas holandesas estabelecidas aqui, com fábricas completas.

Hoje há quantas companhias holandesas de óleo e gás no Brasil?
Atualmente são cerca de 60.

Alguma tem fábrica no país?
Ainda são poucas. Mas já está claro para essas companhias que elas precisam estar aqui para fazer bons negócios. Esse interesse transnacional, aliás, sempre esteve no pensamento dos holandeses.

Que diferencial os holandeses irão oferecer para conquistar mais mercado?
Vamos oferecer qualidade e confiabilidade, bem como o afã de conhecer mais o mercado brasileiro e trabalhar em parceria. Queremos crescer com consistência no país.

Diante das especialidades da indústria holandesa, quais são os maiores concorrentes globais?
Em termos de tecnologia, os maiores concorrentes são da Europa, sobretudo da Noruega, e os EUA. Quando se trata de preço, a concorrência maior vem da Coreia do Sul e da China.

O governo holandês pretende atuar para que as empresas ganhem o mercado brasileiro?
O Ministério de Relações Econômicas da Holanda tem um programa de crédito para exportação. Há incentivos para as companhias explorarem novos mercados. Temos também incentivos para estimular a transferência de tecnologia, o que é muito interessante no caso brasileiro.

Então transferir tecnologia não é um impedimento, como ocorre com empresas de alguns países?
Em geral, não é barreira. Por isso as companhias holandesas estão vindo para o Brasil, não só para exportar seus produtos, mas querendo se estabelecer aqui. E se estabelecer no Brasil significa ter a disposição de transferir tecnologia. Uma companhia como a Fugro, por exemplo, que já está no Brasil, teve de investir em conhecimento no país para ter sucesso.

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